O relatório a respeito do Vaticano divulgado pelas Nações Unidas na quarta-feira, altamente crítico, será uma leitura desagradável para o papa Francisco, que no próximo mês completa um ano de pontificado.

Desde sua eleição, em março, o líder da Igreja Católica tem sido recebido com grande alegria por milhões de jovens fiéis – a imagem do novo papa tem aparecido nas capas de revistas como a Time e a Rolling Stone.

No entanto, o período de lua de mel pode agora estar chegando ao fim. A maneira que Francisco tratar os escândalos de abuso sexual deverá ser um teste fundamental para o seu papado.

Barbara Blaine, presidente da organização Rede de Sobreviventes de Abusos de Padres (Snap, na sigla em inglês), entidade com base nos EUA, tem dúvidas sobre se o pontífice fará do assunto uma prioridade. “O modo mais rápido de impedir violência sexual de clérigos católicos contra crianças é o papa Francisco destituir publicamente de suas atribuições religiosas todos os agressores – e supervisores que permitiram seus crimes”, afirmou a ativista.

“Após décadas varrendo esse tema para debaixo do tapete, o Vaticano deveria aproveitar essa oportunidade para agir”, afirmou Katherine Gallagher, advogada sênior do Centro para Direitos Constitucionais, ONG que forneceu as evidências para a comissão da ONU que fez o relatório. “Esse dia era esperado há muito tempo, mas a comunidade internacional está finalmente responsabilizando o Vaticano por permitir e perpetuar a violência sexual na Igreja”, afirmou, acrescentando que o mundo observará para conferir se o Vaticano acabará com a impunidade dos agressores.

A comissão da ONU reclamou que a hierarquia católica, incluindo os “mais altos níveis da Santa Sé”, se recusaram a cooperar com autoridades judiciais e comissões nacionais de investigação. O organismo afirmou que a Santa Sé deveria iniciar uma série de reformas para atender às obrigações estabelecidas pela Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças, em vigor desde 1990.

Ativistas acusaram o Vaticano de ser cúmplice de uma escala “em massa” de abusos. Para Keith Porteous Wood, diretor da ONG britânica Sociedade Secular Nacional, o Vaticano “faz tudo o que pode para proteger da Justiça clérigos abusadores e manter seus abusos em segredo”.

[b]Fonte: Estadão[/b]

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