Um tribunal de Jerusalém proibiu ontem o líder muçulmano Raed Salah de se aproximar da Cidade Antiga da cidade durante os próximos dez dias, pois considera que sua presença pode desencadear uma onda de distúrbios em virtude da construção de uma polêmica rampa de acesso à Esplanada das Mesquitas.
O tribunal proibiu Salah, líder do Movimento Islâmico de Israel, de chegar a menos de 150 metros da Cidade Antiga de Jerusalém, cercada por uma muralha.
A Polícia deteve hoje o líder islâmico quando este tentava entrar na Cidade Antiga para ir ao local onde são realizadas as escavações para construir uma rampa junto à Esplanada das Mesquitas.
Segundo a imprensa israelense, Salah, detido junto a outras seis pessoas que o acompanhavam, enfrentou policiais que impediram seu acesso à Cidade Antiga junto ao chamado Portão do Lixo (ou Portão de Dung, ou dos Mouros).
A Esplanada das mesquitas, onde ficam os templos islâmicos de Al-Aqsa e do Domo da Rocha, é considerada pelos muçulmanos o terceiro lugar mais sagrado do mundo. De acordo com a tradição muçulmana, trata-se do local de onde o profeta Maomé subiu aos céus.
Os judeus chamam o local de Monte do Templo, ou Monte Moriá, onde ficava o antigo templo destruído pelos romanos em 70 d.C. e Abraão sacrificaria seu filho Isaac, que foi poupado por Deus.
Hoje, o acesso à esplanada foi restringido pelo segundo dia consecutivo, devido aos temores de que ocorressem distúrbios e protestos devido às novas obras de construção na área.
Ao longo da manhã, prevaleceu uma relativa calma no local das obras, mas os serviços de segurança continuam em estado de alerta perante possíveis incidentes.
A reconstrução da rampa de acesso a Monte Moriá – ou “Haram esh-Sharif” (Nobre Santuário), para os muçulmanos – despertou duras críticas no mundo islâmico, onde muitos consideram as obras uma tentativa por parte de Israel de prejudicar o terceiro local mais importante do Islã, após as cidades sauditas de Meca e Medina.
O próprio Salah e o líder do Conselho Supremo Muçulmano de Jerusalém, Ikrima Sabri, convocaram os muçulmanos de Israel a ir na próxima sexta-feira às mesquitas para protestar contra as obras, que, segundo eles, têm o objeto de destruir o Portão dos Mouros.
Este portão fica entre o bairro judaico da Cidade Antiga e a parte árabe, Jerusalém Oriental, fora desta.
Após os protestos suscitados pelas obras, a Polícia israelense proibiu o acesso às mesquitas dos muçulmanos menores de 45 anos.
Judeus e turistas também não podem entrar na esplanada.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), o moderado Mahmoud Abbas, disse nesta terça-feira que os trabalhos em torno das mesquitas podem pôr em perigo os esforços regionais de paz, e afirmou que as escavações demonstram as intenções de Israel de destruir os santuários islâmicos.
O rei Abdullah II da Jordânia acusou Israel de uma “flagrante violação” do tratado de paz entre seu país e o Estado judeu, firmado em 1994.
A Jordânia, que controlou a parte oriental de Jerusalém, incluindo a Cidade Antiga, entre 1948 e 1967, é um dos três países árabes com relações diplomáticas com Israel, e seu rei é um importante líder moderado no panorama do Oriente Médio.
O acordo que selou a paz entre Israel e Jordânia reconhece que o reino hachemita tem “direitos históricos” sobre os santuários muçulmanos de Jerusalém.
Fonte: EFE