O corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), criticou nesta sexta-feira a demora no envio de documentos sobre o caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à PF (Polícia Federal), estendendo a crise na Casa.

Segundo ele, o novo atraso devido ao adiamento da reunião da Mesa Diretora, marcada a próxima terça-feira, só prejudica o processo de investigação e desgasta o Senado. Para ele, nem “descarrego” salva o Senado.

“Há uma energia muito pesada aqui [no Senado]. Peço desculpas aos espíritas, mas na minha opinião, nem se chamar dez chefes de terreiros, sendo três da Bahia, vão conseguir fazer um descarrego no Senado”, afirmou Tuma, numa referência ao clima de guerra que predomina na Casa.

Segundo o corregedor, a Mesa Diretora do Senado deve encaminhar na terça-feira os documentos que precisam ser periciados pela Polícia Federal. De acordo com ele, não há mais espaço para atrasos no processo referente a Renan.

“Adiar é prejudicial. É mais constrangimentos para todos. A demora atrapalha todo mundo, inclusive as partes envolvidas”, afirmou o corregedor. Ele lembrou que há 15 dias enviou um requerimento ao Conselho de Ética do Senado para que os peritos da PF fossem ouvidos e opinassem sobre os procedimentos de investigação que poderiam ser tomados.

Ontem, o Senado viveu mais um dia de debates e discussões tensos no plenário, depois que Renan adiou a realização da reunião da Mesa Diretora para a próxima terça-feira. Nesta reunião, a Mesa definirá se enviará ou não dos documentos do peemedebista para serem periciados pela PF.

Só depois das novas perícias, que devem demorar 20 dias para serem concluídas, o Conselho de Ética voltará a se reunir para discutir o caso Renan. O peemedebista é acusado de ter utilizado dinheiro da construtora Mendes Júnior, via lobista, para pagar despesas pessoais, como pensão alimentícia e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.

Parlamentares contestam declaração de Tuma sobre “descarrego” no Senado

Alguns parlamentares contestaram nesta sexta-feira as declarações do corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), de que nem chefes de terreiros têm condições de “descarregar” as energias negativas da Casa causadas pela crise política.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o assunto não deve ser delegado a pais de santo, mas aos próprios políticos que devem arcar com a responsabilidade. “Não precisa de pai de santo. Nós é que temos de nos obrigar a exorcizar o Senado. Tanto do ponto de vista de ética do comportamento como também do ponto de vista de prioridades”, afirmou.

Para o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), apontado como integrante da tropa de choque do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o ideal é ter calma para depois poder dormir em paz.

“Nós temos de ter calma. Muita calma nessa hora. Me batizaram de pelotão de frente do Senado, mas o que eu quero é depois que sair do Senado poder dormir tranqüilo, se tiver provas contra o presidente Renan, vamos condená-lo, mas não fazer o que estão fazendo. Eu quero é dormir tranqüilo”, afirmou Salgado.

Após defender hoje que Renan se afaste da presidência do Senado até a conclusão das investigações das denúncias que há contra ele, Tuma desabafou: “Há uma energia muito pesada aqui [no Senado]. Peço desculpas aos espíritas, mas, na minha opinião, nem se chamar dez chefes de terreiros, sendo três da Bahia, vão conseguir fazer um descarrego no Senado”.

Renan é acusado de ter utilizado dinheiro da construtora Mendes Júnior, via lobista, para pagar despesas pessoais, como pensão alimentícia e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha fora do casamento.

Fonte: Folha Online

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