Cerca de um milhão de católicos ocuparam neste sábado a praça San Giovanni, em Roma, para protestar em defesa da família e contra o projeto do governo do premiê italiano, Romano Prodi, que reconhece os casais homossexuais.
Por volta das 14h (11h Brasília), mais de um milhão de católicos se concentravam na praça San Giovanni, diante da Basílica de São João de Latrão, segundo os organizadores do protesto.
A multidão era integrada por fiéis de paróquias de toda a Itália, incluindo famílias com crianças, idosos e casais de jovens.
Os católicos rejeitam o projeto de lei do governo de centro esquerda que reconhece juridicamente as uniões de fato entre homossexuais, O projeto avança com dificuldade no Parlamento italiano, dividido entre leigos e católicos.
Dois ministros do governo Prodi participaram da manifestação, ao lado de representantes dos partidos de direita –entre eles o líder da oposição, o ex-premiê Silvio Berlusconi.
“Não sou contra a defesa dos direitos dos casais de fato (…) mas também não defendo a instituição (…) de um matrimônio de segunda classe”, disse Berlusconi.
“Estamos aqui para defender a família baseada em um marido, uma esposa e em crianças, e não um casal com marido e marido, esposa e esposa”, declarou Lucie Basile, 54, dona de casa e mãe de três filhos.
A igreja italiana, acusada com freqüência de ingerência da vida política, pediu a seus bispos que se não se manifestem, mas animou sacerdotes e religiosas a se mobilizarem e multiplicar os chamados aos fiéis nas igrejas.
A favor
A cerca de 3 km da praça San Giovanni, na Praça Navona, milhares de pessoas, incluindo membros da esquerda radical, realizaram uma contramanifestação.
“Eu me divorcio do Papa…”, “Todas as famílias são iguais”, diziam alguns cartazes da contramanifestação.
No Brasil, o Papa Bento 16 pediu nesta sexta-feira resistência ao “hedonismo” e convocou os católicos a dizerem não aos meios de comunicação que ridicularizam a santidade do casamento e a virgindade antes do matrimônio.
Prodi, um católico praticante, se absteve de tomar partido nos últimos dias, mas neste sábado pediu o fim das “lutas entre guelfos e gibelinos, que arruinaram a Itália durante séculos”, em referência às guerras religiosas da Idade Média.
Apesar de muito católica, a Itália não resistiu à transformação de seu modelo familiar, com uma forte queda dos casamentos (de 419 mil em 1972 para 250 mil em 2005).
As intervenções da Igreja contra as uniões dos homossexuais geraram fortes tensões nas últimas semanas, sobretudo quando a imprensa reproduziu as palavras do novo presidente da Conferência Episcopal italiana, Angelo Bagnasco, que relacionavam implicitamente as uniões civis, o incesto e a pedofilia.
Alvo de pichações hostis nas paredes das cidades italianas, Bagnasco recebeu recentemente um envelope com uma bala e uma foto sua com uma suástica. As autoridades decidiram colocá-lo sob proteção policial.
Fonte: Folha Online