símbolo do combate a AidsAlguns países estão fazendo progressos no tratamento das crianças com Aids e evitando que outras sejam infectadas, mas a reação global é “tragicamente insuficiente”, disse o Unicef.

“As crianças afetadas pela Aids hoje são mais visíveis e são levadas mais a sério em fóruns globais, regionais e nacionais, onde antes recebiam pouca consideração”, disse um relatório da agência para crianças da ONU nesta terça-feira (16/1).

Melhores testes para descobrir crianças com o vírus da Aids, HIV, e fórmulas mais simples de drogas anti-retrovirais, que combatem a infecção, aumentaram o número de crianças em tratamento, disse o Unicef. Fatores adicionais foram a redução dos preços das drogas e o aperfeiçoamento de técnicas entre os profissionais de saúde.

Mas as estatísticas gerais para as crianças são sombrias, segundo o Unicef. O órgão identificou mudanças de 2005 para 2006, quando iniciou um programa para colocar o que chamou de “rosto invisível” das crianças no centro do esforço mundial para conter e reverter a disseminação da Aids até 2015.

Pontos centrais nesse esforço são testar as mulheres grávidas, oferecer terapia de drogas em curto prazo para evitar que elas transmitam o vírus para os recém-nascidos, testar as crianças e tratar as infectadas.

Cerca de dois anos atrás o Unicef temia que diversos fatores impedissem que as crianças recebessem tratamento. Um deles era a capacidade de detectar crianças infectadas. Dois outros eram se as drogas disponíveis seriam seguras para crianças e acessíveis para os países pobres.

O progresso desde então, embora pequeno, superou as expectativas do Unicef, disse a repórteres por telefone Peter McDermott, chefe de HIV/Aids do Unicef. “As crianças reagem muito bem ao tratamento.”

Ainda assim, cerca de 10% das mulheres grávidas nas capitais da África subsaariana estão infectadas com o HIV. Mas a vasta maioria das africanas grávidas não tem acesso às drogas que evitariam a transmissão do vírus para seus bebês. Por isso, cerca de um terço de seus filhos serão infectados no nascimento ou logo após, segundo o Unicef.

O progresso no fornecimento de drogas para grávidas infectadas foi pequeno. Os 9% dessas mulheres nos países de baixa e média renda em todo o mundo que receberam drogas anti-retrovirais em 2005 aumentaram 3% em 2003.

Os dados disponíveis para 2005 mostram que apenas sete países citados no relatório forneceram drogas para pelo menos 40% das grávidas infectadas: Argentina (87%), Brasil (48%), Botsuana (54%), Jamaica (86%), Rússia (84%), Tailândia (46%) e Ucrânia (90%).

Das 2,3 milhões de crianças com menos de 15 anos infectadas pelo HIV em 2005, segundo estimativas, 780 mil precisavam de terapia anti-retroviral, segundo o Unicef, e somente 10% delas a receberam. Não tratadas, cerca de um terço das crianças infectadas morre no primeiro ano e a metade morre até o segundo ano. Isso significa 380 mil crianças mortas de Aids no ano passado, disse o Unicef.

Apenas sete países citados no relatório ofereceram terapia anti-retroviral para pelo menos 20% das crianças necessitadas. Eles foram: Botsuana (84%), Cabo Verde (47%), República Dominicana (23%), Jamaica (47%), Namíbia (52%), Ruanda (20%) e Tailândia (95%).

A falta de prevenção e tratamento deixou 15,2 milhões de crianças órfãs, segundo estimativas. O número deverá chegar a 20 milhões até 2010.

O problema real é pior, disse o relatório, porque “muito mais crianças vivem com pais que estão cronicamente doentes, em casas que adotaram órfãos da Aids, ou perderam professores e outros adultos membros da comunidade”.

Ao emitir o relatório, o Unicef disse que está tentando estabelecer uma linha básica para o futuro monitoramento. Como os dados de 2005 eram os últimos disponíveis, a agência disse que não poderia oferecer comparações estatísticas de mudanças no ano desde que começou sua iniciativa. Mesmo assim, disse que poderia fazer algumas determinações sobre o progresso, ou falta dele, com base no trabalho que vem fazendo em campo.

Um problema adicional é que os dados sobre cuidados e tratamentos pediátricos são limitados na maioria dos países.

Fonte: International Herald Tribune

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