Desde julho, os seguidores do clérigo muçulmano Maulana Fazlullah trabalham para impor a lei islâmica (sharia) em grande parte do Vale do Swat, o que acabou deflagrando um conflito com as autoridades e serviu de justificativa para que o governo declarasse estado de exceção.
Um trabalhador da igreja do Paquistão em Peshawar confirmou que cristãos em Swat têm sido forçados a aceitar a lei islâmica.
“Militantes começaram a impor costumes muçulmanos, o que está criando problemas para a comunidade local”, disse Ashar Dean, diretor assistente das comunicações para a diocese.
A vida tem se tornado ainda mais difícil para cristãos e outros moderados no vale desde que a luta eclodiu entre forças do governo e extremistas na última semana.
Resistência ameaçada
Um cessar fogo na segunda e terça permitiu aos cidadãos ir ao mercado para comprar alimentos e outras necessidades. Mas, de acordo com fontes em Swat, os conflitos foram retomados. Ainda permanece incerto se os cidadãos serão novamente forçados a permanecer dentro de suas casas.
“Nessas condições, algumas vezes as pessoas são levadas a perder a fé”, disse o membro de uma família ameaçada. “Mas eu estou fazendo o pedido (de oração) para que Deus nos dê fé”, contou o cristão.
Vale do Swat sob o controle de extremistas
Os fundamentalistas islâmicos do vale de Swat controlam cinco distritos da região, onde nomearam seus próprios governadores, desafiando a presença do Exército do Paquistão, informou ontem o canal de televisão paquistanês “Geo TV”.
Com o estado de exceção em vigor desde sábado no Paquistão, os radicais pró-talibãs retiraram as bandeiras oficiais dos edifícios da Polícia e hastearam as suas, segundo o jornal paquistanês “The News”.
As localidades controladas pelos insurgentes se encontram perto da cidade de Imamdheri, o reduto do líder talibã Maulana Fazlullah, conhecido como “Mullah Rádio” devido aos seus discursos incendiários transmitidos por uma emissora ilegal.
Até o momento, cerca de 50 mil pessoas fugiram das áreas controladas pelos fundamentalistas. Muitos são cristãos. Além disso, 500 estabelecimentos turísticos fecharam suas portas nos últimos dois meses.
No dia 26, o Paquistão deslocou um contingente de 2.500 soldados ao vale de Swat a fim de acabar com a atividade do clérigo radical. Os radicais responderam no dia seguinte com um atentado contra as tropas na cidade de Mangora, matando 38 militares.
O vale de Swat tem uma população predominantemente pashtun, a mesma etnia dos talibãs afegãos.
Fonte: Portas Abertas