A China reagiu com prudência, mas com evidente satisfação, à notícia de que o papa Bento XVI aprovou a nomeação de um bispo proposta por Pequim. A notícia, ainda não confirmada por fontes oficiais da Santa Sé, foi atribuída pelo jornal de Hong Kong “South China Morning Post” a “um funcionário do Vaticano”.

A informação foi divulgada às vésperas de uma importante reunião no Vaticano a respeito da China e parece indicar que a crise iniciada no ano passado com a ordenação de três bispos escolhidos unilateralmente pelo governo chinês está em vias de resolução.

“Não tenho informações em primeira mão, mas, se for verdade, é realmente uma ótima notícia”, declarou Liu Bainian, líder da Associação Católica Patriótica chinesa. “Todos os avanços que dizem respeito às atuais condições, como a ruptura de relações com Taiwan e a não intervenção em assuntos internos chineses, são destinados a melhorar a situação”, acrescentou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Liu Jianchao, em entrevista coletiva após dizer “não ter informações” sobre o caso.

O Vaticano promove na semana que vem uma reunião para discutir a situação da Igreja Católica na China. O encontro será presidido pelo secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, e terá a presença do cardeal chinês, Joseph Zen, conhecido por sua intransigência em relação à China.

O jornal de Hong Kong informa que a nomeação do padre Gan Junqiu a bispo da importante diocese de Guangzhou, no Cantão, sul da China, foi decidida pela Associação Católica Patriótica e aprovada, de maneira ainda desconhecida, pelo Papa.

A prática de nomear bispos consensualmente foi seguida nos últimos anos pela China e pelo Vaticano e levou a um aprofundamento das relações entre católicos “patrióticos” (cerca de 4 milhões) e os “clandestinos” ou “não registrados”, que não estão dispostos a aceitar restrições à autoridade papal em matéria religiosa (cerca de 10 milhões).

A prática foi abandonada por Pequim em maio de 2006, com a nomeação unilateral de dois bispos. O mesmo procedimento foi adotado em novembro, quando Wang Renlei foi nomeado bispo de Xuzhou, na província de Jiangsu. As razões por trás da escolha, vista por alguns como uma reação de Pequim à nomeação do cardeal Zen, não são claras.

A China e a Santa Sé romperam relações diplomáticas em 1951, quando o núncio apostólico foi expulso da China e se transferiu para Taiwan, a ilha independente de Pequim considerada pela China uma “província rebelde”.

Altos funcionários do Vaticano afirmaram mais de uma vez estarem prontos para transferir a nunciatura a Pequim e a questão da nomeação dos bispos representa hoje o principal obstáculo à normalização das relações entre a China e a Santa Sé.

Fonte: Jornal da Mídia

Comentários