As missas tradicionais rezadas em latim, segundo o rito defendido pelo arcebispo francês Marcel Levèbvre – que rejeitou as reformas do Concílio Vaticano II e foi excomungado por ter ordenado bispos sem a aprovação de Roma – estão de volta em 26 países, agora com as bênçãos de Bento XVI.
O cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, 77 anos, prefeito emérito da Congregação para o Clero, que participa da 5.ª Conferência-Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe em Aparecida como membro nomeado pelo papa, apresentou no plenário um relatório no qual defende e elogia os tradicionalistas.
Presidente da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei (Igreja de Deus), responsável pela pastoral das comunidades tradicinalistas, o cardeal afirmou que a celebração da liturgia em latim, de acordo com os ritos anteriores ao Concílio, constitui justa aspiração daqueles que se desligaram do cisma de Lefebvre e voltaram à comunhão com Roma.
“O Santo Padre quer conservar os imensos tesouros espirituais, culturais e estéticos ligados à liturgia antiga. A recuperação desta riqueza se une à não menos preciosa da liturgia atual da Igreja”, anunciou o cardeal Castrillón. “Mas se deve afirmar com toda clareza que não se trata de um voltar para trás, de uma volta aos tempos anteriores à reforma de 1970”, advertiu.
Castrillón cuida não apenas dos grupos ligados a Lefebvre que voltaram à plena comunhão com a Igreja, mas também de novos adeptos dos ritos tradicionais. “Por esta liturgia, que nunca foi abolida, e que , como dissemos, é considerada um tesouro, existe hoje um novo e renovado interesse”, disse o cardeal.
“Até agora estiveram sob a Ecclesia Dei várias comunidades dispersas pelo mundo, com 300 sacerdotes, 79 religiosos, 300 religiosas, 200 seminaristas e várias centenas de milhares de fiéis”, informou Castrillón. O grupo ligado a Lefèbve – e ainda fora da Igreja – conta hoje com 4 bispos ordenados por ele, 500 sacerdotes e cerca de 600 mil Fiéis.
Segundo o presidente da Comissão Ecclesia Dei,“curiosamente aumenta o interesse (pelo rito tradicional) dos jovens na França, Estados Unidos, Brasil, Itália, Escandinávia, Austrália e China”. Mosteiros, congregações religiosas masculinas e femininas, seminários e associações também têm aderido aos ritos litúrgicos tradicionais.
Brasil
No Brasil,informou Castrillón, voltaram a obedecer ao papa 50 sacerdotes, cerca de 50 seminaristas, 100 freiras e cerca de 25 mil fiéis. Pertencentes à Diocese de Campos, cujo bispo, d. Antônio de Castro Mayer se uniu ao arcebispo Lefebvre nos anos 70 e 80 e também foi excomungado, os brasileiros tradicionalistas fazem parte agora à Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.
Equivalente a diocese, a Administração Apostólica Pessoal é dirigida por um bispo, d. Fernando Arêas Rifan, de 56 anos, que tem o título de administrador apostólico. Na tarde do último dia 11, ele foi o primeiro a beijar a mão de Bento XVI, quando o papa atravessou o corredor central da Catedral da Sé, em São Paulo, para o encontro com o episcopado brasileiro.
Fonte: Estadão