Os bispos de Macau e Hong Kong se deslocam na próxima semana ao Vaticano para discutir as relações entre a igreja católica e a governo chinês.
O bispo de Macau, D. José Lai, o cardeal Joseph Tang de Hong Kong e o seu coadjutor, o bispo John Tong, estarão em Roma entre 11 e 12 de março, a convite do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, para abordar as relações entre a igreja e Pequim, segundo a mesma fonte.
Contatado pela Lusa, o bispo de Macau não confirmou a viagem a Roma. “Não posso falar sobre isso e não quero comentar qualquer encontro nem se vou ou não participar”, disse D. José Lai.
Vaticano e Pequim iniciaram há vários meses contactos de reaproximação, depois de em 1951 a República Popular da China ter cortado relações diplomáticas com a Santa Sé. Atualmente, o Vaticano mantém relações diplomáticas com Taiwan, a ilha nacionalista que é vista por Pequim como uma província separatista.
Impasse
Em meados de 2007, o papa Bento 16 enviou uma carta aos católicos chineses, em que sublinhou a existência de políticas restritivas na China que “sufocam” a igreja e dividem os fiéis entre o ateísmo oficial e o catolicismo “clandestino”.
Embora reconhecendo sinais de abertura das autoridades chinesas, Bento 16 acrescentou na carta que existem “sérias limitações” que “sufocam a atividade pastoral”.
Apesar da vontade manifestada por ambos os lados e pelas mensagens dos bispos das regiões especiais chinesas de Hong Kong e Macau, que se disponibilizaram a intervir na promoção do diálogo para a resolução dos problemas, não existem ainda datas para conversações formais entre Pequim e o Vaticano.
Para retomar as relações diplomáticas com o Vaticano, Pequim exige a aceitação do que considera “os dois princípios de base”, que se referem à insistência do governo da China em nomear os bispos do país e à suspensão das relações diplomáticas com Taiwan.
Relacionamento
O Vaticano está disponível para mudar a sua embaixada para Pequim, mas recusa a intervenção governamental na nomeação dos bispos.
Um sistema de consultas prévias à nomeação poderia fazer ultrapassar algumas barreiras no diálogo bilateral, embora não existam resultados nem informações das reuniões mantidas.
A nomeação de bispos é também a principal causa de separação entre as duas igrejas católicas existentes na China, a oficial e a clandestina, que conta com cerca de 10 milhões de fiéis que celebram missas em casas particulares e permanecem fiéis ao Papa, sendo alvo de perseguição.
A Igreja Católica oficial chinesa, subordinada ao Estado assim como as outras quatro igrejas permitidas na China (budismo, taoísmo, islamismo e protestantismo) e que conta com cerca de quatro milhões de fiéis, não reconhece a autoridade da Santa Sé e se encontra subordinada ao governo central chinês.
Fonte: Lusa