O Vaticano acredita que os países ricos “deveriam” reconsiderar a produção de biocombustíveis devido à “situação de penúria” de produtos agrícolas e que as políticas dos maiores produtores impede “o correto funcionamento do mercado de alimentos”.
No documento divulgado hoje pelo Conselho Pontifício Justiça e Paz, paralelamente a cúpula alimentícia da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em Roma.
Segundo o cardeal Renato Martino, não se pode diminuir a quantidade de produtos agrícolas no mercado para ter de reserva em detrimento de “direito fundamental como é alimentação”.
“As políticas dos maiores produtores de biocombustíveis – Estados Unidos, Brasil e também União Européia – estão desviando as áreas de cultivos de bens primários para o cultivo de combustíveis de origem vegetal através de incentivos e subsídios”, diz o documento.
“Essa ingerência impede o correto funcionamento do mercado, onde o aumento de preços dos alimentos deveria ter um percurso normal, através da queda da oferta e a demanda”, precisou o documento.
Segundo o Vaticano, a retomada do cultivo de vários terrenos deixados em repouso, principalmente nos EUA e na Europa, podem contribuir para o aumento da oferta.
Em discurso feito ontem na cúpula da FAO, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu o uso dos biocombustíveis diante daqueles que os culpam pela alta dos preços dos alimentos e responsabilizou o petróleo e o protecionismo pela atual crise.
Lula defendeu o etanol brasileiro dizendo que este é um combustível que ajuda a frear o aquecimento global e rejeitou com números o suposto fato de que o cultivo de cana-de-açúcar prejudica a Amazônia.
O Vaticano disse também que a crise alimentícia está determinada pela “especulação financeira” sobre as matérias-primas e sobre os produtos primários e ressaltou que é necessário um “regulamento” para evitar “esses comportamentos que afetam o direito à alimentação pertencente a cada ser humano”.
Entre as causas da crise, o Vaticano também destacou a escassez de colheitas por situações climáticas adversas, o aumento dos preços da energia e do petróleo.
Fonte: EFE