A Secretaria de Estado do Vaticano publicou um comunicado nesta sexta-feira afirmando que as declarações do papa Bento XVI sobre o uso e distribuição de preservativos foram “trocadas e isoladas do contexto”.
O documento foi emitido após um encontro entre arcebispo Dominique Mamberti, que atua como “ministro das Relações Exteriores” do Vaticano, e um representante diplomático da Bélgica junto à Santa Sé, que apresentou uma resolução aprovada pelo Parlamento belga contra as afirmações do Pontífice.
No dia 17 de março, a bordo do avião papal que o levava ao continente africano, Bento XVI defendeu que a Aids não pode ser combatida com distribuição de preservativos.
A Aids “é uma tragédia que não pode ser superada com o dinheiro e nem com a distribuição de preservativos, que desse modo aumenta os problemas”, afirmou o Papa na ocasião.
Na nota, a Santa Sé também defendeu que as declarações de Bento XVI foram usadas “por alguns grupos com uma clara intenção intimidatória”, sendo que em “alguns países da Europa” houve uma “campanha midiática sem precedentes”.
Segundo o comunicado, somente alguns “entenderam e apreciaram as considerações de ordem moral feitas pelo Papa”, entre eles “os africanos e os verdadeiros amigos da África”.
Após a declaração, a Câmara dos Deputados belga aprovou uma resolução para um protesto oficial contra o Vaticano.
O documento, que obteve 95 votos a favor, 18 contra e 7 abstenções, pede ao governo de Bruxelas que “condene as afirmações inaceitáveis do Papa, feitas durante sua viagem pela África, e protestar oficialmente junto a Santa Sé”.
A Secretaria de Estado informou ainda que Vaticano recebe a resolução dos parlamentares “com pesar”, definindo como “incomum” o passo dado “nas relações diplomáticas entre a Santa Sé e o Reino da Bélgica”.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores belga disse que ” o governo não replicará as críticas do Vaticano, porque declarou suas posições na resolução votada pela Câmara “.
Fonte: O Globo