O Vaticano está realizando um encontro especial no fim da semana para decidir como se relacionar com a China comunista, país cujo governo não permite que os católicos reconheçam a autoridade do papa.

Um porta-voz do Vaticano afirmou na quinta-feira que o encontro seria presidido pelo secretário de Estado da Santa Sé, cardeal Tarcisio Bertono, e que dele participariam integrantes da Igreja especializados na China e bispos da Ásia, entre os quais o cardeal Joseph Zen, de Hong Kong.

Há cerca de 10 milhões de católicos na China, divididos entre uma igreja secreta leal ao Vaticano e uma igreja sancionada pelo Estado. Essa última vê no papa uma importante figura espiritual, mas rejeita o controle efetivo do pontífice.

O papa Bento 16 não participará do encontro, a ser realizado nesta sexta-feira e no sábado, no Vaticano. Mas, provavelmente, realizará reuniões com os participantes do evento, em especial com os bispos.

Segundo membros da Igreja, o encontro tentará elaborar uma estratégia para lidar com a China de forma a melhorar as relações, algumas vezes tensas, entre o Vaticano e o governo chinês.

O país asiático e a Igreja Católica romperam seus laços em 1949, depois da vitória dos comunistas na guerra civil. E a disputa sobre quem é o responsável pela nomeação de bispos chineses tem impedido uma melhoria das relações. A Santa Sé reconhece a legitimidade do adversário diplomático da China, Taiwan.

A China, um país oficialmente ateu, recusou-se a permitir que o Vaticano nomeie bispos ou a permitir que os católicos chineses reconheçam a autoridade papal, afirmando que isso representaria uma interferência em seus assuntos internos.

Mas, nos últimos anos, o governo chinês e o Vaticano — que avaliam, com cuidado, as possibilidades de normalização de suas relações — chegaram a um acordo pelo qual os candidatos a bispos tentariam obter a chancela da Igreja Católica antes de tomarem posse em seus cargos.

No ano passado, porém, as relações voltaram a sofrer uma crise quando a igreja católica sancionada pelo governo da China consagrou novos bispos sem a autorização papal. Segundo o Vaticano, a manobra era um “ato muito grave” responsável por subverter os princípios fundamentais da estrutura hierárquica da Igreja Católica.

A China deseja que o Vaticano rompa seus laços com Taiwan, local de refúgio dos nacionalistas derrotados na guerra civil de 1949 e visto pelos líderes chineses como uma Província rebelde.

O Vaticano, um dos 20 aliados diplomáticos de Taiwan, afirmou que, mesmo se vier a reabrir sua embaixada em Pequim, deseja manter algum tipo de relação com o governo de Taiwan.

A China, até o momento, rejeitou essa opção.

Fonte: Reuters

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