A Santa Sé reconheceu ontem, durante a apresentação do estado das relações ecumênicas, que o encontro entre o Papa e o patriarca ortodoxo russo, Alexei II, ainda está longe de acontecer, mas que os esforços para que um dia possa ser realizado continuam.

O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, o cardeal alemão Walter Kasper, explicou que, por ora, não se vê no horizonte nem uma viagem do Pontífice a Moscou, nem um encontro por ocasião de alguma cerimônia com o patriarca ortodoxo russo.

“Espero que amadureçam os tempos para um encontro entre o Papa e o patriarca de Moscou. Mas por enquanto não há nada concreto”, disse o cardeal Kasper, afirmando que “as relações com a Igreja russa melhoraram, e continua o empenho para que o façam ainda mais”.

A viagem a Moscou foi um dos desejos não cumpridos do Papa João Paulo II, mas o patriarca Alexei II, que acusava a Igreja Católica Apostólica Romana de praticar o proselitismo de maneira agressiva, sempre se opôs a esta visita.

As tensas relações entre a Santa Sé e os ortodoxos moscovitas foram atenuadas nos últimos anos, mas continuam complicadas, como ficou comprovado pela ausência de Alexei II no funeral do Papa polonês.

As honras fúnebres foram assistidas, no entanto, pelos principais patriarcas das Igrejas Ortodoxas, como Bartolomeu I de Constantinopla, Christodoulos da Grécia e Anastas da Albânia, com quem Bento XVI se reuniu neste início de Pontificado.

Kasper disse hoje que existe uma comissão formada pelo Patriarcado e pela Conferência Episcopal russa encarregada de facilitar as relações, e que “está trabalhando muito bem, visto que se criou um bom clima”.

Mesmo assim, o encarregado para a unidade dos cristãos disse que as maiores dificuldades residem nos ortodoxos da Ucrânia, por motivos políticos e históricos, e que, portanto, é necessário “dar pequenos passos, com grande sabedoria”.

O cardeal alemão manifestou, por ocasião da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (18-25 de janeiro), a satisfação do Vaticano pelos passos dados para atingir esse objetivo.

“Embora não se tenha chegado ao ecumenismo definitivo, ou seja, à plena unidade dos cristãos, foi estabelecida uma ampla rede de relações e formas de aproximação das quais não se pode voltar atrás”, acrescentou.

Entre esses passos, Kasper destacou o encontro em Istambul de Bento XVI com Bartolomeu I; a visita de Christodoulos, e a 9ª Assembléia Plenária da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, todos eles em 2006.

Apesar das várias reuniões com os ortodoxos, o cardeal Kasper disse que “ainda resta um longo caminho pela frente”, e que por enquanto “não serão atingidos resultados extraordinários”.

Um dos principais motivos de divisão é o chamado “primaz de Pedro” na Igreja, que os ortodoxos não reconhecem, e sobre o qual o cardeal alemão disse que “é necessário continuar rezando e ter paciência para que haja progressos”.

Sobre as relações com as demais correntes cristãs, Kasper desmentiu as acusações de que a Santa Sé teria abandonado as relações com os anglicanos, que ordenam mulheres e sacerdotes homossexuais.

Ele explicou que nem todos os anglicanos estão de acordo com estas ordenações, e que “existem grupos e muitas comunidades que estão mais perto da Igreja Católica”.

Fonte: EFE

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