As vítimas de abusos sexuais de menores por parte do clero católico na Austrália pediram nesta terça-feira a renúncia do cardeal George Pell, arcebispo de Sydney.

Pell depôs nesta segunda-feira na investigação do Estado de Victoria sobre os abusos sexuais de menores, e negou ter acobertado casos de pedofilia, mas admitiu acobertamentos realizados por um antecessor. “Realmente sinto muito”, afirmou.

O prelado explicou que nunca ocultou nenhuma acusação e que se encarregou de que colocassem em andamento os procedimentos para enfrentar os casos de abusos sexuais.

“Estou plenamente comprometido em melhorar a situação. Sei que o Santo Padre também está”, disse Pell, um dos oito cardeais selecionados pelo papa Francisco para ajudar a reformar a Cúria.

Mas muitos entre o público que compareceu à audiência permaneceram impassíveis diante da declaração de Pell, ex-arcebispo de Melbourne, a capital do estado de Victoria.

“A pouca atenção que mostrou às vítimas mostra que continuam sem entender”, disse Stephen Woods, que sofreu os abusos de um sacerdote pedófilo. “Tem que renunciar. Seu tempo acabou”, acrescentou.

Pell havia afirmado na segunda-feira que o medo do escândalo levou a Igreja católica da Austrália a encobrir as acusações de pedofilia desde os anos 1930.

“A primeira motivação foi proteger a reputação da Igreja”, declarou Pell.

O governo do Estado de Victoria (sul) lançou uma investigação sobre os abusos sexuais cometidos em instituições religiosas ou privadas contra crianças. A Igreja reconheceu em 2012 que ao menos 620 crianças foram vítimas, apenas neste Estado, de abusos por parte de sacerdotes desde 1930.

Na semana passada, o arcebispo de Melbourne, Denis Hart, admitiu que a Igreja havia demorado muito para reagir às acusações de abusos sexuais.

O estado de Nova Gales do Sul (sul), cuja hierarquia católica também é acusada de acobertar esses crimes, lançou sua própria investigação.

Em nível nacional, uma investigação teve início em abril com os testemunhos de 5.000 supostas vítimas de agressões em hospícios, escolas, igrejas, associações esportivas ou centros de detenção para menores.

[b]Fonte: AFP[/b]

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