Os vizinhos da Renascer querem que a sede da igreja, no Cambuci, zona sul de São Paulo, seja transformada em um memorial de cinema ou em um memorial às vítimas do acidente que acabou na morte de nove pessoas e mais de 100 feridos no dia 18 de janeiro.
Eles prepararam um abaixo-assinado para que o terreno, na Avenida Lins de Vasconcelos, seja desapropriado. A meta é conseguir a assinatura de 5 mil pessoas, em 2 meses.
– O local não é adequado para a instalação de uma igreja. Veja bem, se eles querem milhares de pessoas no culto, eles têm que procurar uma nova sede. Há 10 anos nós falamos isso para o Ministério Público, que ainda não tomou providência. Nem mesmo lugar para os carros a igreja tem – disse o presidente da Associação de Preservação do Cambuci e Vila Deodoro, Gilberto Amatuzzi.
Faltando pouco para completar um mês do acidente, ainda não há data para a conclusão do inquérito. Até agora, a polícia ouviu 75 pessoas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 11 pessoas foram ouvidas nesta quarta-feira. O teor dos depoimentos está sendo mantido sob sigilo. Estão sendo ouvidas, além das vítimas, moradores da região e líderes da igreja Renascer.
A polícia ainda não confirmou se o apóstolo Estevam Hernandes e a bispa Sônia, que estão nos Estados Unidos por decisão da Justiça americana, serão responsabilizados pelo acidente. O laudo do Instituto de Criminalística só ficará pronto no começo de março. Algumas casas ainda estão interditadas. Nesta quarta-feira, depois de um vento forte na região, pelo menos duas telhas de zinco que ficam nos fundos do prédio caíram sobre as casas.
Os moradores disseram que ouviram dos funcionários da empresa Diez, que faz a demolição, a informação de que o prédio não será totalmente demolido. Segundo eles, a Renascer não iria desmontar a parede dos fundos da igreja, que fica atrás do palco, para reconstruir o templo nos mesmos moldes do anterior.
– Pelo jeito, a igreja quer reconstruir o templo nos mesmos moldes do anterior, que não tinha recuo em nenhum dos lados. O ideal é que coloquem tudo abaixo e comecem uma nova construção, respeitando o código de urbanização, que prevê recuos em relação as casas e a rua – disse Roberto Moregola, morador de uma das casas que foram interditadas por conta do acidente.
Fonte: O Globo