Em duas cidades, moradores entraram com ações na justiça e conseguiram proibir igrejas de tocar sinos.
Um problema que afeta moradores de várias cidades brasileiras: o barulho causado por vizinhos incômodos. Em duas cidades, moradores entraram com ações na justiça e conseguiram proibir igrejas de tocar sinos. Mas em Piracaba, interior de São Paulo, a ordem foi suspensa nesta semana santa.
O som faz parte da tradição da igreja. Para quem vive em clausura como as freiras Carmelitas, cada toque tem um significado.
“Os monges não se comunicavam antes entre eles. Era absoluto silêncio. Então eles tinham o sino prá reunir a comunidade pra oração”, fala a irmã carmelita Maria da Graça de Eucaristia.
“O povo mesmo sente falta. Porque a badalada de um sino você já lembra que Deus está chamando pra orar”, diz a irmã carmelita Marina da Cruz.
Apesar da tradição, durante dez dias, o sino que orienta a rotina das irmãs Carmelitas não pôde ser tocado. A determinação da justiça de Piracicaba foi feita com base no pedido de um vizinho que considera o som uma perturbação pública. A decisão gerou muita polêmica.
“Faz 60 anos que bate esse sino, entendeu? Em Piracicaba, foi doado esse terreninho pra elas. Eles que vieram morar em redor do carmelo, entendeu? Que não existia nada aqui”, conta um morador da região.
O sino das Carmelitas soa em Piracicaba dez vezes por dia. Uma lei municipal limita o volume e os horários que pode haver ruídos, mas ela não vale para os sinos das igrejas.
“Na questão da legislação municipal é isenta a questão das igrejas”, fala a coordenadora do pelotão Ambiental, Lucineide Maciel.
Nós tentamos conversar com o morador que não quer mais ouvir o sino. A casa dele fica atrás da capela, mas ele só nos atendeu pelo interfone. “Problema de saúde, tudo. Foi alegado um monte de coisa”, diz o morador.
Um vizinho também calou o sino da diocese de Santos Dumont, em Minas Gerais. Há 25 anos morando ao lado da igreja, ele alega que cansou de ser acordado pelo som. “O timbre do sino é muito alto. Ele é irritante”.
Diante da polêmica, uma das datas mais importantes para a igreja, a Páscoa, será comemorada sem nenhuma badalada.
[b]Fonte: G1[/b]