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“Lá não é para qualquer um.” Assim uma vendedora de uma loja de moda evangélica na periferia de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, define o Ministério Evangélico Comunidade Rhema.
A congregação é um dos braços brasileiros da Word of Faith Fellowship (Associação Palavra de Fé), igreja americana da Carolina do Norte [url=https://folhagospel.com/modules/news/article.php?storyid=34082]investigada sob suspeita de recrutar brasileiros para trabalhar em condições análogas à escravidão nos EUA[/url], conforme revelou a Associated Press.
A igreja, em comunicado em seu site, nega as acusações e diz sofrer perseguição.
Uma aura de mistério cerca os frequentadores da Rhema. “É sempre um pessoal bem arrumado, mas reservado”, afirmou à Folha a vendedora Luciana Aparecida, 37.
É preciso ser convidado para participar de um culto na Rhema. Chamada por um conhecido, uma moradora afirmou ter ido “por curiosidade”. Ela disse, sob anonimato, que conheceu a igreja durante uma visita de pastores americanos. Intérpretes traduziam a pregação para os brasileiros.
Fotos no interior são proibidas, segundo essa moradora, que disse ter achado “lindo, mas não trocaria o meu ministério”. “Não sei nem se posso estar falando isso.”
A Folha foi até a igreja, localizada em uma das colinas dessa região afastada do centro de Franco da Rocha. A entrada, ladeada por arbustos aparados, contrasta com a vizinhança despojada.
Um zelador, que não quis se identificar, disse que o local abre somente em dias de culto. “Mais detalhes, só com o pastor Juarez”, disse, se referindo a Juarez de Souza Oliveira, que fundou a Rhema em 1988 com a mulher, a também pastora Solange Granieri.
Juarez, porém, disse o zelador, só está disponível na hora do culto. Telefones não foram informados.
No mesmo terreno, funciona o Colégio Cristão Rhema, que tem turmas do ensino infantil ao médio. A instituição, particular, é vista pela vizinhança como “de alto nível”.
A Word of Faith tem cerca de 2.000 membros no Brasil e em Gana, e tem afiliadas na Suécia, Escócia e outros países, além de seus 750 membros na sede americana.
O outro braço brasileiro, a Verbo Vivo, é sediada em São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte. A absorção das duas congregações brasileiras pela americana foi uma evolução lenta que culminou em regras drásticas que ditavam quase todos os aspectos das vidas dos fiéis, dizem os ex-membros ouvidos pela AP.
Com o tempo, foram introduzidas agressões físicas e o “blasting”, prática em que pastores e fiéis cercam a pessoa e gritam com ela por horas para expulsar demônios.
Um ex-fiel disse à AP que seu filho levou bofetadas até surgirem cortes no rosto. “Na época achei exagero”, disse Flavio Correa, 52, que deixou a igreja. “Mas confiava neles e você começa a achar que é bom. Hoje, acho estúpido.”
[b]Fonte: Folha de São Paulo[/b]