Em 10 de setembro de 1969, o bispo Albrecht Schönherr foi eleito presidente da Liga das Igrejas Evangélicas da então Alemanha Oriental.

Os dois Estados alemães constituídos em 1949 estavam integrados cada um em seu bloco. Enquanto a República Federal da Alemanha fazia parte do grupo de democracias parlamentaristas do Ocidente, a República Democrática Alemã (RDA), sob influência da União Soviética, passava por uma profunda transformação da sociedade.

Os membros da Igreja no Leste alemão eram cada vez mais afetados por restrições stalinistas. Polêmicas entre o Estado e a Igreja resultavam muitas vezes em penas de prisão para cristãos engajados.

A cúpula estatal só mudou de atitude perante a Igreja nos anos 1960. As coisas ficaram então mais fáceis para os representantes eclesiásticos, mas por outro lado incomodavam ao governo as estreitas relações cultivadas pelas igrejas do leste com as do oeste.

O fato de os dois Estados terem sistemas políticos divergentes refletia-se cada vez mais no trabalho da Igreja Evangélica, resultando finalmente no corte das relações oficiais entre essa Igreja e o governo da RDA, em 1957. Para os representantes eclesiásticos, a situação ficou extremamente difícil.

Nova constituição exigiu definição

A Igreja Evangélica foi obrigada a uma clara definição quando a RDA promulgou uma nova constituição, em 1968. Poucos parágrafos dela abordavam a questão das igrejas, mas de tal forma que elas eram obrigadas a se submeter às leis e diretrizes da RDA. As ligações ainda mantidas com a Igreja Evangélica do oeste, por exemplo, passavam a ser ilícitas. Os cidadãos estavam proibidos de participar de grêmios compostos também por pessoas da então Alemanha Ocidental.

Foi para fugir à ilegalidade que as igrejas do Leste resolveram fundar, em 1967, uma liga própria, o que causou grande alvoroço no oeste. O governo da RDA só reconheceu essa liga dois anos após a fundação. Mas o relacionamento entre Estado e Igreja continuou frágil.

É que o Estado era governado por um partido único, o SED, que tinha uma ideia fundamental: a de que religião era um resquício dos antigos tempos burgueses, que acabaria dentro do socialismo. “Construir o socialismo” queria dizer, ao mesmo tempo, impor o ateísmo.

Durante um certo tempo, a Igreja Evangélica da Alemanha Ocidental teve dificuldade de entender os problemas pelos quais sua irmã no Leste passava. Mas, com o passar dos anos, ocorreu uma aproximação, graças a um compromisso conjunto em prol da paz.

Na década de 1980, a Igreja Evangélica do Leste alemão transformou-se em refúgio e berço para o movimento pela paz, dando força ao movimento de oposição ao regime comunista. Em grande parte, deve-se a ela que a resistência da população contra o regime autoritário e restritivo tenha conduzido, em 1989, à queda do Muro de Berlim. Desde 1991, existe uma única Igreja Evangélica da Alemanha, que congrega as antigas ligas do leste e do oeste.

Fonte: DW World

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