Com um resultado de 73 pontos na Lista Mundial da Perseguição 2020, a pontuação da Argélia subiu 3 pontos em relação ao ano anterior, que era de 70. A pressão só não esteve em um nível muito alto (ou acima) em uma esfera da vida.
A pontuação tem subido principalmente devido a um aumento na violência, especialmente prisões violentas e o aumento do medo relacionado a isso.
A pressão média aos cristãos permaneceu em um nível alto, aumentando de 12,4 no ano anterior para 12,8 em 2020. Isso é principalmente devido ao aumento da pressão do governo. A pressão é mais alta na família (14,3), vida privada (13,5) e igreja (13,2).
Isso reflete a pressão muito alta que os convertidos enfrentam devido ao risco de serem descobertos e posterior isolamento da família, bem como a oposição que enfrentam da sociedade e governo.
A pontuação para violência foi de 7,6 no ano anterior para 9,3 em 2020, após um crescimento inicial acentuado de 2 pontos referente à Lista Mundial da Perseguição 2018 por causa do fechamento de diversos prédios de igrejas. O aumento na classificação atual foi principalmente causada pela prisão violenta de diversos cristãos.
A média de pressão aos cristãos nos últimos 5 anos mostra que o nível geral tem sido continuamente muito alto e alcançou o seu nível mais alto no período de pesquisa da Lista Mundial da Perseguição 2020 (1 de novembro de 2018 a 31 de outubro de 2019). Há uma tendência de aumento constante na pressão na igreja que condiz com o crescimento das ações do governo contra igrejas nos últimos dois anos. Os níveis mais altos de pressão são consistentes na família, refletindo as dificuldades experimentadas por convertidos.
Embora a pontuação de violência fosse menor nos períodos de pesquisa referentes à Lista Mundial da Perseguição de 2016 a 2018, ela subiu para um nível muito alto nos dois últimos períodos de análise, principalmente devido ao número de igrejas fechadas e prisões.
Perseguição para cristãos convertidos
A Argélia tem leis que criminalizam qualquer tentativa de proselitismo e fazer alguém deixar o islamismo para outra religião. Entretanto, se converter do islamismo não é criminalizado, já que não há crime de apostasia. Portanto, tecnicamente, são aqueles que causam a conversão ou tentam convencer alguém a se converter que serão criminalmente responsáveis.
O principal problema para convertidos é a perseguição familiar e isso pode ser muito severo. Líderes da igrejas relatam que especialmente mulheres convertidas são às vezes colocadas sob prisão domiciliar pelas famílias muçulmanas. Elas não têm permissão para encontrar outros cristãos ou ter qualquer contato com eles. Elas também não podem assistir TV ou escutar o rádio como canais cristãos que são transmitidos pela Argélia. Na parte árabe do país, a perseguição é ainda mais severa e convertidos podem ser mortos.
Para muitos cristãos, compartilhar sobre a fé de forma escrita, com membros da família ou convidados, simplesmente não é possível e eles são expostos a muita violência doméstica.
Para o governo argelino, todo cidadão é muçulmano. Há também casos onde a população muçulmana em vilas se recusa a permitir que cristãos enterrem membros da família falecidos. Casamentos cristãos são válidos apenas na comunidade da igreja, mas não são aceitos pelo governo, que os registra como casamento muçulmano.
Perseguição para homens e mulheres
As mulheres têm mais desvantagens na lei e sociedade, o que tem um efeito adicional ao nível de perseguição experimentada por elas. Provavelmente enfrentarão divórcios dos maridos muçulmanos, as deixando sem nenhuma ajuda financeira. Dessa forma, elas podem acabar nas ruas por não ter nenhuma fonte de renda. A guarda dos filhos também pode ser tomada, bem como os direitos de herança.
Mulheres convertidas podem ser confinadas à casa da família ou enfrentar abuso físico, verbal ou sexual, além de assédio. Há casos em que famílias de cristãs não permitem que elas participem de cultos na igreja. Se possuem emprego, podem ser demitidas após descobrirem a nova fé. Um pesquisador do país escreveu: “Observamos que muitas mulheres cristãs passam por situações traumáticas e isso as impacta diretamente, bem como as suas famílias”.
Em contraste com as mulheres, homens cristãos são forçados a sair de casa e, consequentemente, isolados pelas famílias. Eles também enfrentam violência física, assédio no trabalho ou escola e perda de emprego. Esse último afeta não apenas os homens, mas também as famílias, já que na maioria dos casos eles são a principal fonte de renda. Isso coloca toda a família em dificuldades financeiras.
Fonte: Portas Abertas