Cristãos durante culto na Nigéria (Foto: World Watch Monitor)
Cristãos durante culto na Nigéria (Foto: World Watch Monitor)

A violência de multidões é uma estratégia usada contra cristãos na Nigéria. A partir de acusações de blasfêmia, os seguidores de Jesus são insultados, discriminados, agredidos e até mortos.

De acordo com a Anistia Internacional, 555 pessoas foram vítimas de ataques de multidões no país em dez anos. O número de assassinatos chegou a 55, mas é possível que haja mais casos, pois muitas mortes em áreas rurais não foram relatadas. O estudo também revela que ao menos treze mulheres, seis crianças e duas vítimas com transtornos mentais ou dificuldade de aprendizagem foram alvos de linchamentos.

Em 2022, a estudante cristã Deborah Samuel Yakubu foi apedrejada e queimada por colegas da Shehu Shagari College em Sokoto. Apesar dos assassinos serem visíveis no vídeo do linchamento, nenhum foi julgado porque os promotores não comparecerem ao tribunal. Dessa forma, os agressores foram libertos.

A enfermeira cristã Rhoda Jatau se manifestou contra o assassinato de Deborah nas redes sociais e também foi acusada de blasfêmia. A cristã foi alvo da fúria de multidões. Por não a encontrarem, os muçulmanos radicais atacaram casas de outros seguidores de Jesus da vizinhança. Rhoda foi levada sob custódia policial e ficou presa por dezoito meses. Ela foi solta após pagamento de fiança, mas ainda enfrenta julgamento.

Segundo John Samuel (pseudônimo), especialista jurídico da Portas Abertas na África Subsaariana, as histórias das cristãs são um reflexo da cultura de impunidade em relação aos perpetradores da perseguição. “A criminalização legal da blasfêmia, que é contra a Constituição nigeriana e os padrões internacionais de direitos humanos, contribuiu para o aumento da violência de multidões”, explica Samuel.

O diretor da Anistia Internacional, Isa Sanusi, completa: “A falha das agências de aplicação da lei, especialmente a força policial da Nigéria, em prevenir a violência de multidões, investigar alegações de tortura e assassinatos e levar os suspeitos à justiça está capacitando as multidões a matar”.

Fonte: Portas Abertas

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