Pouco tempo depois de ser transferido da Paróquia Sagrada Família, padre Luiz recebeu outra punição da Arquidiocese de Goiânia.
Até segunda ordem, ele está proibido de exercer algumas funções, como celebrar missas, batizados e casamentos. Ele permaneceu à frente da Sagrada Família por 15 anos, e foi encaminhado para a comunidade Athos. A decisão causou a comoção e revolta da grande maioria dos membros que migraram com o padre para seu novo endereço. Eles alegam haver uma perseguição da arquidiocese contra o pároco. Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Arquidiocese de Goiânia informou que ainda não vai se pronunciar sobre o caso.
Os fiéis cobram explicações sobre a súbita suspensão do padre e afirmam que, independente da decisão do arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz, continuarão com o Luiz Augusto onde quer que ele vá. “Não se trata de idolatria, apenas queremos e temos o direito de escolher um padre que nos transmita confiança e a mensagem que nos conforta”, afirma Soneli Almeida Monteiro. Segundo ela, esse tipo de decisão pode afastar os católicos da igreja, acarretando até na mudança de muitos para a religião evangélica.
Hoje, a paróquia dirigida por Luiz Augusto tem aproximadamente quatro mil membros que, de acordo com os fiéis que se aglomeraram para expor a indignação contra o afastamento do padre, são, na maioria, ex-membros da Paróquia Sagrada Família.
O economista Marco André da Silveira ressalta que a bronca dos membros não é contra a arquidiocese, nem o catolicismo, mas sim contra uma decisão não explicada que fere direitos. Marco conta que a medida não resolverá nada, apenas prejudicará quem segue o padre de longa data. Segundo ele, algumas pessoas se deslocam de outras cidades só para assistir a missa celebrada por Luiz Augusto. “Para onde ele for nós estaremos com ele”, afirma Marco André.
Quando o padre Luiz foi transferido da Paróquia Sagrada Família, houve uma grande comoção nos fiéis da igreja. Na tentativa de revogar a decisão do arcebispo, foram feitos abaixo-assinado, caminhadas, manifestações e audiência pública na Assembleia Legislativa, mas nada mudou a decisão da arquidiocese. Dessa vez, os católicos favoráveis ao padre Luiz pretendem levar o caso para a mídia e prometem a realização de protestos até que uma resposta venha.
Andréia Toledo, 41, conta que o padre teve um papel muito importante para a comunidade católica de Goiânia. Ela ressalta que por meio dele muitos católicos que estavam afastados da igreja regressaram e estão hoje em comunhão com cristo, graças a maneira diferenciada do padre conduzir suas ações. “Tememos que essas manifestações que estamos realizando possam prejudicar o padre Luiz, pois podem pensar que ele nos incentiva nos manifestos”, afirma Andréia.
“A imprensa agora é nossa única esperança, uma vez que já tentamos com protestos e nada mudou a decisão do arcebispo”, afirma Joice Macedo Aguiar. Ela conta que residia ao lado da antiga paróquia dirigida pelo padre e sofreu muito com a sua transferência para tão longe. “Mesmo com a distância, venho a todas as missas. Se o mudarem para outra cidade, farei de tudo para acompanhá-lo.” Ela acredita que o padre está sendo perseguido.
Mesmo com tanto reboliço em torno da situação, o padre Luiz não diz nada sobre o assunto. Ele não conversa com a imprensa e nem com os próprios fiéis. O que causa ainda mais angústia nos seguidores. Ele é conhecido pela forma espontânea e alegre de conduzir as missas e isso o rende milhares de fiéis preocupados com as decisões da arquidiocese.
A desobediência de padre Luiz em relação às decisões do arcebispo de Goiânia pode ter sido a causa da suspensão. Pessoas ligadas à Igreja Católica afirmam que não é a primeira vez em que há notícias de desavenças entre os dois. Pelas regras da Igreja Católica, os padres que desobedecem aos superiores podem ser punidos. A transferência de paróquia é a mais utilizada. Em casos mais graves, o pároco pode ter o dom da ordem (direito de celebrar missas, batizados, casamentos e outras cerimônias) suspenso.
[b]Fonte: Diário da Manhã[/b]
