Um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Unaids, o programa da ONU para a Aids, revela que medidas de prevenção conseguiram reduzir o número de novas infecções pelo vírus HIV no mundo. O documento diz que o número total de novos casos registrados caiu de 3 milhões, em 2001, para 2,7 milhões, em 2007.

Embora a porcentagem de novas pessoas infectadas globalmente tenha caído, o número total de pessoas vivendo com o vírus da Aids subiu para 33 milhões – com uma média de 7,5 mil pessoas sendo infectadas a cada dia.

Em alguns países, como China, Rússia, Moçambique, Alemanha, Grã-Bretanha e Austrália, foi registrada a tendência contrária, com um aumento do número de casos. Em relação ao Brasil, o relatório diz que, apesar de o país ter cerca de 730 mil pessoas vivendo com o HIV, o que representa mais de 40% das pessoas infectadas na América Latina, a política de garantir acesso a métodos de prevenção e tratamento tem ajudado a manter a epidemia estável no país.

Mulheres e presidiários O relatório destaca que os níveis de infecção de usuários de drogas injetáveis vêm caindo em algumas cidades do Brasil, e o país é citado como um exemplo de liderança no combate à Aids.

Já a proporção de mulheres infectadas em relação ao número de homens infectados vem aumentando. Segundo o coordenador do Unaids no Brasil, Pedro Chequer, em 2007, a relação é de 1,5 homens para cada mulher infectada. Nos anos 80, a relação era de 28 homens para cada mulher.

O Unaids também destaca a alta incidência de HIV entre presidiários no Brasil e afirma que em uma determinada penitenciária de São Paulo, 6% dos presos homens testados tinham o vírus.

“Níveis de conhecimento sobre o HIV entre presidiários parecem altos, mas o acesso aos serviços de prevenção ao HIV dentro das prisões continua inadequado”, diz a Unaids sobre o Brasil em um documento com dados da América Latina. Pedro Chequer lembra que a prevalência entre presidiários era muito mais alta nos anos 80 e sugere que a dificuldade de uma política de prevenção do HIV mais bem-sucedida dentro das prisões se deve aos problemas enfrentados pelo sistema prisional.

“Nós temos um sistema prisional com problemas no Brasil, o que efetivamente dificulta as ações, não somente em relação à Aids, mas também em relação a outras doenças”, diz Chequer. Esforço combinado Segundo o Unaids, o relatório mostra que os esforços combinados de governos, sociedades civis e comunidades afetadas podem fazer uma diferença na luta contra a Aids.

Mas “os ganhos em vidas salvas com a prevenção de novas infecções e com tratamentos para pessoas vivendo com o HIV precisam ser sustentados a longo prazo”, disse o diretor-executivo do Unaids, Peter Piot.

Um dos fatores que levou à queda no número de infecções seria o maior acesso de mulheres grávidas portadoras do vírus HIV a drogas antiretrovirais, para prevenir a transmissão da mãe para o bebê.

A porcentagem de gestantes que receberam as drogas subiu de 14% para 33% entre 2005 e 2007 e, no mesmo período, o número de novas infecções entre crianças caiu de 410 mil para 370 mil.

África Um dos destaques do relatório é a evolução da luta contra a doença na África.

Embora tenha havido uma redução no número total de mortes por Aids no mundo (de 2,2 milhões para 2 milhões), a doença continua sendo a principal causa de morte no continente, onde vivem 67% de todos os portadores do vírus HIV do mundo.

Em países como Ruanda e Zimbábue, seriamente afetados pela doença, mudanças de comportamento sexual foram acompanhadas de quedas no número de novas infecções.

O uso de camisinha aumentou entre jovens com múltiplos parceiros, e jovens estão esperando mais tempo para iniciar sua vida sexual.

Isso foi observado em sete dos países mais afetados pela Aids: Burkina Faso, Camarões, Etiópia, Gana, Malaui, Uganda e Zâmbia.

No Camarões, por exemplo, a porcentagem de jovens tendo relações sexuais antes dos 15 anos de idade caiu de 35% para 14%.

Fonte: BBC Brasil

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