Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) movimentam-se nos bastidores para vencer a relutância do petista em assinar uma carta direcionada ao setor evangélico em defesa de princípios cristãos, apesar de o candidato considerar que não se deve misturar política com religião.
Parcela importante do eleitorado, os evangélicos têm cada vez mais ganhado importância na arena política, além de espaço em instituições públicas com poder de tomada de decisões, como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), e as pesquisas mostram que, em sua maioria, esse grupo prefere o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.
Por isso mesmo, aliados evangélicos de Lula como a líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), e a ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita, Marina Silva (Rede), tentam vencer a resistência do petista para liberar a carta possivelmente esta semana.
Uma fonte da campanha disse à Reuters que a pressão sobre o petista é grande, enquanto uma segunda fonte do PT, acredita ser provável a divulgação da carta apesar da relutância, mas o documento ainda estaria sendo “acertado” com o ex-presidente. Sua divulgação, no entanto, não deve ocorrer já na segunda-feira.
Uma outra fonte ligada à campanha, mas não ao PT, relatou que há avanços no esforço de convencimento, e que diversos pastores entraram em contato aprovando a iniciativa.
A campanha do petista, que é católico assim como Bolsonaro, vinha adotando a estratégia de pequenos e discretos encontros com grupos pequenos de pastores, sem muita divulgação, na intenção de multiplicar as informações nas igrejas.
A ideia, relatam as fontes da campanha, é circular informações nos meios digitais, redes evangélicas, e podcasts voltados a esse nicho religioso.
Dentro desse formato de atuação, foi divulgado na sexta-feira passada, primeiro dia da propaganda eleitoral, vídeo em que Lula declara-se contra o aborto, uma pauta cara aos evangélicos e religiosos em geral.
Lula tem conversado com pastores, inclusive da Assembleia de Deus, mas nenhum deles estrelado. E ainda no campo religioso, encontrou na semana passada freis franciscanos, no dia de São Francisco, ocasião em que recebeu benção. Ainda antes da votação em primeiro turno, Lula teve conversa com pastores no Rio de Janeiro.
O ex-presidente, no entanto, ainda resiste ao uso político de sua presença em grandes eventos religiosos, cultos ou missas com cobertura da imprensa.
Fonte: Money Times