Fuga de cristãos de Mossul: centenas estão abandonando a cidade do norte do Iraque, onde nos últimos dias pelo menos dez pessoas da comunidade foram assassinadas nas ruas – quatro somente na última quinta-feira.

O próprio arcebispo caldeu de Mossul, dom Paulos Faraj Rahho, recordamos, foi seqüestrado e morto em março passado.

“Vinte e cinco famílias fugiram quarta-feira e outras 25 na quinta, temendo ataques de grupos armados” – disse uma fonte da segurança da província de Nínive, da qual Mossul é a capital. Segundo a União Democrática dos caldeus, mais 40 famílias partiram ontem.

Entretanto, o governador da província, Duraid Kashmula, condenou ontem as ameaças dos grupos terroristas aos cristãos e afirmou que serão tomadas todas as medidas necessárias para protegê-los e proteger suas casas e igrejas. Kashmula acredita que a intenção dos terroristas é debilitar a solidariedade existente entre os cidadãos de Mossul. O governador convidou os irmãos cristãos a não cederem.

Em um apelo difundido pelas rádios, o vice-patriarca da Igreja caldeia no Iraque, dom Shlemon Warduni, exortou todos os irmãos muçulmanos de Mossul, Bagdá e de todo o Iraque a colocarem fim a esta campanha de perseguição e fazerem o possível para deter a série de homicídios.

Em 30 de julho passado, o premiê Nuri al-Maliki recebeu o cardeal Emmanuel III Delly, patriarca de Babilônia da Igreja caldéia, e lhe assegurou que o governo está determinado em garantir a segurança dos cristãos no Iraque e reconstruir seus lugares de culto, destruídos na guerra. Desde então, porém, a situação não tem melhorado.

Nos anos do regime de Saddam Hussein, os cristãos no Iraque gozavam de uma relativa liberdade, tanto que alguns deles desempenhavam cargos importantes, como o vice-premiê Tareq Aziz. No final da década de 90, eram mais de um milhão, espalhados em todo o país, especialmente no norte. Hoje, a comunidade conta menos de 500 mil. Em Bagdá, este ano – revelou dom Warduni – pouco mais de 300 crianças fizeram a primeira comunhão, enquanto no passado eram mais de mil.

Fonte: Rádio Vaticano

Comentários