José Arimateia era pastor da Assembleia de Deus Ceadema, em Santa Inês, no Maranhão. (Foto: Reprodução / Facebook)
José Arimateia era pastor da Assembleia de Deus Ceadema, em Santa Inês, no Maranhão. (Foto: Reprodução / Facebook)

Neste domingo, 5 de janeiro, o pastor José de Arimateia Sousa foi encontrado morto dentro de uma residência na cidade de Santa Inês, no estado do Maranhão. Ele era ministro da Assembleia de Deus Ceadema e, conforme relatos coletados, lutava contra a depressão e cometeu suicídio.

Segundo informações preliminares divulgadas pelo site ‘Fala Nordeste’ sobre o caso, quem encontrou o corpo do pastor José foi a própria esposa, ao entrar na garagem residência, após retornar do culto dominical.

Além da esposa, José de Arimateia deixa um casal de filhos.

Falar sobre suicídio de forma geral não tem sido um trabalho fácil, considerando que enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o assunto não venha a público com frequência, para que o ato não seja estimulado, não se sabe até onde o silêncio contribui para camuflar outros problema, como a falta de conhecimento para prevenir o problema e até mesmo a criação de um tabu.

Quando a questão se relaciona a pastores, tal dilema parece se intensificar ainda mais.

Ajuda profissional

Ao comentar e lamentar a notícia em seus perfis das redes sociais, a psicóloga paranaense Marisa Lobo destacou o perigo de avaliar casos de depressão, como o do pastor José de Arimateia sem ter informações bem embasadas.

“O tabu, o preconceito matam mais que a depressão. Mais um pastor tirou sua vida, triste, mas real, muitos estão pedindo socorro, mas o tabú prefere a morte. Muitos fanáticos ou ignorantes sobre o assunto criticam psicólogos e psicanalistas na igreja”, disse Marisa, alertando ainda que falar sobre transtornos mentais é essencial também dentro da Igreja. “Transtorno mental é a doença dos últimos tempos, é o mal do século, precisamos ajudar e temos ferramentas para fazer isso”.

A psicóloga também destacou que o fato de considerar a depressão entre os cristãos não está associado à negação do poder de Jesus.

“Tratar da depressão não é negar o poder de cura de Jesus, mas é organizar a mente , é tratar de uma doença como outra qualquer. Jesus cura, sara e liberta de várias maneiras dentre elas com auxílio médico, psicólogico”, afirmou.

“Somos seres humanos, frageis, fracos, vendidos ao pecado, vivemos crises existências , temos esgotamento físico, psicológico… é normal”, acrescentou.

Com relação à luta de pastores contra a depressão, Marisa alertou que há ainda a tentativa de mascarar a real situação, justamente devido ao preconceito ainda existente.

“Uns saem fácil [da depressão], outros fingem que saem para não frustrar as ovelhas, ou para não parecerem fracos, como se isso fosse vergonha. Sua doença mental o impede de ver e entender até mesmo a graça de Deus em suas vidas”, alertou.

Marisa chamou a atenção para a importância do acolhimento da Igreja, mas também para a consideração da ajuda profissional nos casos de luta contra a depressão.

“O que me revolta é que enquanto, lutamos para ajudar a igreja, muitos tentam nos difamar, desconstruir nosso trabalho que tem salvo muitas vidas, pela via do conhecimento da doença,ensinando estratégias de controle. Temos que entender que a depressão tem cura e controle. Muitas vezes é só um desequilíbrio hormonal, que quando tratado, a depressão vai embora”, destacou.

“Outras vezes pode ser decorrente de frustrações,medos, de uma triste história de vida, que podemos aprender a ressignificar com ajuda profissional”, acrescentou.

“Fico desesperada ao ver uma tragédia dessas acontecendo e alguns líderes ou blogueiros ignorantes não aceitando por preconceito a ajuda profissional. Pelo contrário, ainda nos atacam. A depressão afeta o ser humano em 4 dimensões BIO PSICO SOCIAL E ESPIRITUAL e deve ser tratada como tal”, finalizou.

Fonte: Guia-me com informações de Fala Nordeste

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