Rowan Williams acredita que a medida pode responder à “agenda moral” defendida pelos manifestantes em frente à St. Paul’s Cathedral, em Londres.
O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, primaz da Igreja da Inglaterra, apoia a criação de um imposto às transações financeiras, apelidado de “Robin Hood”, como uma maneira de refletir a preocupação dos manifestantes anticapitalistas.
Em artigo publicado nesta quarta-feira no jornal “Financial Times”, Williams considera que a medida pode responder à “agenda moral” defendida pelos manifestantes que desde 15 de outubro acampam em frente à St. Paul’s Cathedral, em Londres.
Segundo o arcebispo, muitos consideram que o protesto é “uma manifestação da exasperação profunda e generalizada” com o setor financeiro.
O religioso acrescenta que a Igreja da Inglaterra defende a ética nas finanças e simpatiza com as propostas do Vaticano a favor de medidas que aumentem a carga fiscal dos bancos.
Williams se refere ao documento elaborado na semana passada pelo Conselho Pontifício Paz e Justiça, do Vaticano, e que se refere à reforma do sistema financeiro e monetário, que analisa a regulação global.
“O mais importante, é que este documento oferece recomendações que não tentam mudar nada de forma imediata, mas minimizar o dano de certas práticas” acrescenta o arcebispo.
Ele é a favor ainda de uma “forte discussão pública” sobre a maneira como se estabelecem os impostos aos serviços financeiros, incluindo as transações financeiras a fim de impulsionar a economia e financiar as ajudas internacionais.
Na opinião de Williams, é justo fixar um imposto modesto, medida apoiada por especialistas. O artigo deixa claro que o primaz da Igreja da Inglaterra simpatiza com o protesto e pode ajudar a colocar fim à disputa na St. Paul’s Cathedral.
As autoridades municipais de Londres suspenderam na terça-feira temporariamente as medidas legais adotadas contra os manifestantes acampados na catedral.
O anúncio da Corporação de Londres (autoridade municipal que governa o distrito financeiro londrino) foi divulgado depois que a própria catedral decidiu retirar suas ações legais contra os manifestantes que rejeitam, com 200 barracas instaladas aos pés da igreja, os excessos do sistema financeiro.
A catedral anglicana e os ativistas se enfrentaram no decorrer do protesto, que provocou nos últimos dias a demissão de dois dos máximos responsáveis da igreja, o cônego Giles Fraser, simpatizante com a causa dos jovens, e o decano Graeme Knowles.
A mobilização londrina “Occupy London Stock Exchange” (Ocupe a Bolsa de Londres), que começou em 15 de outubro como parte da convocação internacional contra os excessos do sistema financeiro, foi instalada próximo à catedral porque a área onde fica a bolsa de valores é propriedade privada.
[b]Fonte: EFE[/b]