Um dos intérpretes do Bozo nos anos 1980, Arlindo Barreto tinha a missão de entreter as crianças com as características exageradas de um palhaço no SBT. Enquanto isso, os bastidores de sua vida eram marcados pelo excesso de trabalho, o abuso de drogas e álcool — até que sua conversão mudou o rumo de sua carreira.

[img align=left width=300]https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/840×500/smart/media.guiame.com.br/archives/2016/12/12/1709021072-arlindo-barreto-bozo.jpg[/img]Sua história será mostrada no filme “Bingo – O rei das manhãs”, dirigido por Daniel Rezende e estrelado por Vladimir Brichta, com lançamento previsto para 2017.

“Passei um tempo com o Vladimir, um ator excelente. Fiz uma espécie de coach e ele conseguiu pegar cada detalhe. Também acompanhei as filmagens. Quando o trailer foi divulgado, um dos meus filhos disse: ‘Pai, ele está igualzinho a você’. Me emociono quando falo sobre isso”, disse Arlindo à colunista Patrícia Kogut.

O longa, que, por questões de direitos autorais, apresentará o palhaço como Bingo, mostra cenas de Arlindo usando drogas antes de entrar no palco. No entanto, ele nega. “Isso é ficção. Não acontecia. Por dia, eram quatro palcos com participantes de excursões de quatro escolas. Um calor insuportável. Não teria como fazer o programa drogado”, conta ele, que atua no filme como o homem que evangelizou o protagonista.

Hoje pastor, Arlindo teve como exigência para a realização do filme mostrar sua conversão. Ele se rendeu a Jesus Cristo depois de um grave acidente de carro, quando ainda interpretava Bozo.

“Se o longa ficasse folia por folia não teria propósito. Queria mostrar o poder que Deus tem. Antes, acreditava que, se chegasse ao topo do sucesso, conquistaria a paz que tanto sonhava. Mas caí numa roda viva que foi justamente o contrário. Quanto mais trabalhava, mais distante eu ficava da minha família. Minha primeira mulher saiu de casa com meu filho. Desci toda a escada da fama, fiquei deprimido. Usei cocaína e entrei no buraco negro. Tentei ajuda em várias terapias e não encontrei. Quando me recuperei do acidente, me vi sem família, sem nada”, ele lembra.

“Fui para a igreja e reencontrei o pastor que havia me ajudado no hospital. Ouvi a palavra de Deus, que tem uma força espetacular. Não senti mais vontade de beber, fumar maconha ou usar cocaína. Isso modificou a minha vida. Queria falar de Jesus na TV e não deixaram. Então, eu disse tchau”, afirma Arlindo, que hoje tem 63 anos.

O ex-Bozo diz que sente apenas saudades do trabalho quando se lembra daquele tempo, mas não se orgulha da vida glamourosa regada a festas e mulheres. Atualmente, faz turnês com seu espetáculo de comédia religiosa “Mr. Clown”.

“É um trabalho social. Não cobro ingressos, mas alimentos e roupas. Estou à espera de um convite para voltar à TV. Sou ator, já atuei em novelas e gostaria de fazer dramaturgia. Não reeditaria o Bozo porque acho que não vingaria. As crianças de hoje mudaram”, ele conta.

[b]Fonte: Guia-me[/b]

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