Sob protestos das pastorais sociais, a Arquidiocese de São Paulo proibiu que a Via-Sacra da Criança e do Adolescente, que se celebra amanhã, última sexta-feira antes da Semana Santa, percorra as ruas do centro e determinou que ela se limite à Praça da Sé, para não tumultuar o trânsito.
Um manifesto assinado por 23 entidades que compõem o Fórum de Participação na 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, que se reunirá em maio em Aparecida, interpreta a proibição como uma decisão da hierarquia para evitar atritos com as autoridades que colaboram com a organização da visita de Bento XVI a São Paulo.
“Será que esse fato faz parte do contexto excludente, acima citado?”, questiona o texto do manifesto, depois de afirmar que “as prefeituras de São Paulo, Aparecida e Guaratinguetá, cidades que estão no roteiro da visita dele (Bento XVI), estariam promovendo, ou simplesmente aprofundando, uma política de ‘limpeza’ e remoção da população de rua, principalmente nas regiões centrais das cidades”.
D. Pedro Luiz Stringhini, bispo auxiliar responsável pelas pastorais sociais , confirma a decisão, mas diz que ela nada tem a ver com a visita do papa. “Não vamos caminhar pelas ruas para não transtornar o centro, embora uma liminar da Justiça garanta à Arquidiocese o direito de fazer a via-sacra como sempre foi feita”, declarou.
“Não tem sentido falar em limpeza ou em higienização, como o Fórum de Participação insiste, porque esses termos desgastados não correspondem à verdade”, adverte d. Pedro Luiz, lembrando que a limitação da via-sacra à Praça da Sé já deveria ter sido adotada no ano passado, quando o então arcebispo, cardeal d. Cláudio Hummes, concordou com os técnicos da CET que a caminhada atrapalha o trânsito.
Segundo o bispo, a proibição não tem ligação com a vinda de Bento XVI, “pois qualquer pessoa poderá ver o papa, dentro das normas de segurança previstas”.
Com receio de que o acesso seja bloqueado, as pastorais de moradores e de meninos de rua prometem ocupar, na véspera, pontos próximos aos locais por onde o papa vai passar.
Fonte: Estadão