A Suprema Corte do Paquistão absolveu Asia Bibi da sentença de morte, nesta quarta-feira (31), ordenando que ela fosse solta, diante de um tribunal lotado. O presidente do tribunal, Mian Saqib Nisar, anunciou o tão esperado veredicto. Ela foi levada para um local não revelado e espera-se que ela e sua família deixem o país.
Seu marido, Ashiq Masih, elogiou a decisão do tribunal. “Estou muito feliz. Meus filhos estão muito felizes. Somos gratos a Deus. Somos gratos aos juízes por nos darem justiça. Sabíamos que ela é inocente”, disse ele.
A cristã Asia Bibi, de 51 anos, foi presa em 2009 depois que suas colegas muçulmanas a acusaram de insultar o profeta muçulmano Maomé, uma ofensa punível com a morte no Paquistão.
Bibi diz que foi falsamente acusada e é muito respeitosa com os muçulmanos e com Maomé. O incidente alegado ocorreu quando Bibi tomou um gole de água enquanto estava trabalhando. Suas colegas muçulmanas acusaram-na de contaminar a água porque ela era cristã.
Ela está na prisão desde então e aguardava o julgamento de sua sentença, que seria a execução. Ativistas de direitos humanos têm procurado ativamente sua libertação nos últimos anos para revogar a sentença de morte do tribunal paquistanês.
Nenhum cristão paquistanês passou tanto tempo preso por acusações de blasfêmia mais do que Bibi. Se ela tivesse perdido seu apelo final, ela poderia ter sido morta.
A lei de blasfêmia do Paquistão é baseada na sharia (lei islâmica), que determina a execução para aqueles considerados culpados de cometer blasfêmia contra o profeta Maomé. Mesmo com a decisão do tribunal de libertá-la, ela provavelmente não está segura.
Outros prisioneiros libertados por acusações de blasfêmia foram assassinados por extremistas islâmicos. Os radicais muçulmanos assassinaram o ex-governador do Punjab Salman Taseer e Shabbaz Bhatti em 2011. Ambos apoiaram Bibi e pediram o fim da Lei de Blasfêmia do Paquistão.
“Claramente ela precisará de asilo em um país ocidental onde poderá viver o restante de seus dias em paz”, disse Wilson Chowdhry, presidente da Associação Britânica de Cristãos Paquistaneses, à CBN News.
“As acusações foram provadas como falsas e agora é hora dela voltar para casa, para sua família. Esperamos que desta vez ela seja completamente exonerada e esta condenação injusta será finalmente anulada, já que esta é sua última chance de ser ouvida”, complementou.
A decisão da Suprema Corte do Paquistão provocou protestos e ameaças de morte de políticos muçulmanos.
Os defensores do partido político islâmico Tehreek-e-Labaik (TLP) imediatamente condenaram a decisão de quarta-feira e bloquearam as estradas nas principais cidades, como Islamabad e Lahore.
Um dos principais líderes do TLP pediu a morte de Nisar, o chefe da Justiça e outros dois juízes.
“Todos os três merecem ser mortos. Ou a segurança deles deve matá-los, o motorista deve matá-los ou o cozinheiro deve matá-los”, disse o co-fundador da TLP, Muhammad Afzal Qadri, em um protesto em Lahore. “Quem tiver acesso a eles, mate-os antes da noite”.
Ele também pediu a expulsão de Khan do governo e incentivou oficiais do exército a se levantarem contra o poderoso chefe militar General Qamar Javed Bajwa, que ele disse que “deve ser saqueado do exército”.
Khan se dirigiu à nação em um discurso televisionado na noite de quarta-feira, apoiando a decisão da corte e alertando os ultra-islamistas a não perturbarem a nação.
“Não permitiremos que ocorram danos. Não permitiremos que o tráfego seja bloqueado”, disse Khan. “Eu apelo para vocês, não forcem o Estado na medida em que tem sido forçado a agir”.
O TLP foi fundado a partir de um movimento de apoio a um guarda-costas que assassinou o governador da província de Punjab, Salman Taseer, por defender Bibi em 2011. O ministro federal das minorias, Shahbaz Bhatti, também foi morto depois de pedir sua libertação.
Fonte: Guia-me