Passava das 22h30, quando o juiz Pedro Odilon de Alencar Luz proferiu sentença condenando o réu Geison Duarte da Silva, 22, a 35 anos de prisão pelo assassinato da estudante Amanda Beatriz de Oliveira, 16, morta em 20 de janeiro de 2007.

O veredicto causou comoção entre amigos e parentes da vítima, que comemoraram discretamente o resultado obtido por unanimidade. A acusação aguarda, agora, a condenação do estudante Thiago Alencar, 22, acusado de coautoria no crime. A apreciação do caso deverá acontecer até o fim do ano, segundo a promotoria. A Defensoria Pública vai recorrer da decisão.

Marcado para as 9h, o julgamento de Geison, acusado de estuprar, assassinar e ocultar o cadáver da adolescente, só começou ao meio-dia desta terça-feira (31). O magistrado responsável pela sessão explicou que o atraso ocorreu em razão da demora da condução do preso até o Fórum Thomaz de Aquino, no Centro do Recife. A mãe da estudante, Maria José da Silva, chegou a ir ao julgamento, mas não permaneceu no local. Ela informou a parentes que não queria olhar para o rosto do assassino de sua filha.

“Minha mulher não suportaria. Resolveu ir ao trabalho para tentar passar o tempo”, explicou o pai de Amanda, o distribuidor de água mineral José Ivanildo de Oliveira. Antes de o julgamento começar, o promotor de justiça André Rabelo, responsável pela denúncia, informou que as provas eram contundentes. “Eles próprios já chegaram a confessar os detalhes do crime. Depois, por orientação de advogados, mudaram a versão.” Por volta das 13h, o juiz começou a ler o processo. Ao relatar detalhes do caso, o pai de Amanda continuou olhando fixamente para o réu. O juiz não permitiu que Geison fosse fotografado. Uma tia do acusado, que estava no auditório, reclamou com cinegrafistas e fotógrafos quando eles se aproximaram para tentar registrar a imagem.

O promotor André Rabelo ressaltou que o estudante Thiago Alencar, também denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco, participou de todas as etapas do crime. “Ele foi pronunciado, mas a defesa recorreu e estamos no aguardo. Tenho certeza de que é apenas uma medida protelatória. Thiago vai ser julgado e condenado. Isto é uma estratégia da defesa para que os julgamentos ocorram de maneira separada. Mas não há problema nisso”, garantiu o promotor.

Ele explicou que os dois foram denunciados por homicídio quadruplamente qualificado, estupro, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver. De 25 pessoas do corpo de jurados, sete foram sorteadas para fazer parte do júri popular. Inicialmente, o juiz interrogou o acusado. Em seguida, o promotor fez a acusação durante uma hora e meia. Depois, o mesmo tempo foi dado à Defensoria Pública. Após réplica e tréplica, o juiz se reuniu com os jurados numa sala secreta, na presença da defesa e da acusação, e decidiu a pena.

Minutos antes do início do julgamento, a defensora pública Fernanda Vieira da Cunha, responsável pela defesa de Geison, explicou que a linha adotada seria apenas para minimizar a pena. “Ele já confessou o homicídio. Estamos trabalhando para derrubar a acusação dos crimes sexuais. Estes ele não cometeu.” A defensora informou que ele teria matado a estudante após ser agredido por ela e ressaltou que a perícia não confirmou estupro. O promotor André Rabelo salientou que, pelo avançado estado de decomposição do cadáver, não era mais possível realizar o exame sexológico.

Fonte: JC online

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