Se a fé remove montanhas, a milícia remove a igreja. Sem perdão. Há cerca de 10 dias, a Associação de Moradores de Rio das Pedras, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, deu ultimato à Igreja Católica: mandou desocupar o prédio do centro pastoral.

O prazo para a entrega das chaves é de 60 dias e expira dia 5 de maio. A área, com pouco mais de 150 metros quadrados, foi cedida há nove anos por comodato à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto. Lá acontecem missas, catequeses e serviços sociais mantidos pelos religiosos.

A intimação foi entregue na pastoral pelo presidente da associação de moradores, Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba, que estava acompanhado de dois homens armados, que seriam seus guarda-costas. Eleito líder comunitário em dezembro, ele foi indiciado pela CPI das Milícias por ligação com paramilitares que exploram serviços na comunidade e cobram taxas de moradores.

Expulsão seria retaliação de milicianos

A ordem de despejo do Centro Pastoral, segundo religiosos, seria uma retaliação dos líderes da milícia à Igreja Católica por não permitir o controle dos donativos e do trabalho social feito na comunidade. Oficialmente, a associação não deu satisfação à Paróquia de Nossa Senhora do Loreto. Apenas avisou que precisava do prédio para fazer serviços comunitários.

“Não sei os motivos para o despejo. Mas é verdade que a Igreja não faz acordos com grupos quando percebe que o trabalho pode ser usado politicamente”, explica o padre Luís Antônio, da Arquidiocese do Rio.

Novo imóvel para trabalho comunitário

A luta da Igreja Católica agora é para concluir rapidamente as obras de construção da capela de Nossa Senhora Mãe da Divina Providência e São João Batista, que está sendo erguida na comunidade. O fim dos trabalhos estava previsto dezembro de 2010.

Se não terminar a igreja em dois meses, a paróquia não sabe o destino dos serviços sociais, dos encontros de jovens e casais e as reuniões de preparação para casamentos e batizados que são feitos no centro pastoral.

Fonte: O Dia Online

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