Desde a tomada de poder pelos militares em Mianmar, a situação dos seguidores de Jesus se agravou no país. Principalmente dos que vivem no estado de Chin, de maioria cristã. O resultado das destruições de igrejas e casas é o deslocamento de irmãos e irmãs na fé. Eles fugiram para a selva e vivem em más condições.
O governo do país enviou tropas para as regiões montanhosas com o objetivo de combater a Frente Nacional Chin, que é composta por pessoas que lutam contra a ditadura militar. As ações na região já resultaram em saques, bombardeios, invasões de igrejas e morte de um pastor local. “A situação é difícil de descrever. Onde quer que os militares vão, eles queimam casas, matam porcos e ocupam igrejas”, explica o irmão Lwin*.
Em 29 de outubro, mais de 130 casas e as igrejas da rocha e presbiteriana foram incendiadas na cidade de Thanthlang Township. Todos os moradores fugiram devido às ameaças e violência e não teve quem ficasse para apagar os incêndios. Zew That *, outro cristão que precisou fugir, compartilha: “Sempre que ouvimos uma voz alta ou tiros, ficamos com medo”.
Desafiados a sobreviver e perdoar
Segundo Zew, uma casa significa muito para uma pessoa natural de Chin. Ela representa abrigo e proteção e quando é destruída torna a questão do perdão mais difícil. “Sabemos que a Bíblia nos diz para perdoar os inimigos. Esperamos que outros cristãos orem por nós para que possamos obedecer.”
A parceira local Daisy Htun* conta como as igrejas locais foram alvo da ação dos militares. “Prédios e propriedades de igrejas foram atacados, vandalizados, roubados e até queimados. Quando os bombardeios começaram e as violentas repressões se seguiram, o povo não teve escolha a não ser fugir. De acordo com nossos registros de campo, 30 igrejas foram atacadas pelos militares desde o golpe”, afirma.
Mas apesar da insegurança, o trabalho da Portas Abertas não foi interrompido. “Implementamos os treinamentos online e visitas aos cristãos perseguidos e aos deslocados internos em meio à agitação no país. Retomamos alguns trabalhos com os jovens, crianças e casais, e Deus nos permitiu alcançar os refugiados com ajuda emergencial”, compartilha o irmão Lwin.
Os riscos e resultados de obedecer a Deus
Entretanto, os riscos que os parceiros correm são grandes, já que os militares prometeram matar todos os homens que encontrarem pelo caminho. Outro problema é o inverno que está chegando e os cristãos estão sem roupas adequadas para enfrentar o frio intenso. “Estamos sendo pressionados de todos os lados — em alguns vilarejos, os militares nem mesmo permitem a entrada de mercadorias. As necessidades básicas e medicamentos, como paracetamol, estão fora de alcance. As pessoas estão se sentindo impotentes”, completa Lwin.
Em setembro de 2021, a Portas Abertas apoiou diretamente 17.135 cristãos com socorro, ajuda prática e treinamento bíblico em Mianmar. “Louvado seja o Senhor pela distribuição de alimentos para os cristãos. Eu e minha filha podemos nos sustentar até hoje com o que recebemos. Já se passaram três meses”, agradece Hayma Aye*, uma das beneficiadas.
A consequência desse trabalho de apoio na dificuldade foi a conversão de 544 pessoas. Cerca de 166 decidiram se batizar: “Louvado seja Deus porque estamos vendo muitas pessoas encontrando a Cristo neste momento. Deus ainda está trazendo pessoas para si”, comemora o irmão Lwin.
*Nomes alterados por segurança.
Fonte: Portas Abertas