Durante encontro do papa com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, ativistas gays intolerantes programam um “beijaço LGBT”.

No compromisso oficial, o papa terá um encontro com a presidente Dilma Rousseff, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta e o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, entre outros convidados, e fará seu primeiro discurso no Brasil.

Do lado de fora do Palácio, um grupo está programando um “beijaço LGBT” durante as primeiras palavras de saudação do Papa para os peregrinos da Jornada. Segundo a organização da manifestação, o protesto será realizado em função do crescimento da homofobia e do fundamentalismo religioso no Brasil.

“O protesto foi pensado a partir do ano passado, quando o antigo papa Bento XVI fez o discurso de final de ano e disse que a família homoafetiva é uma ameaça ao mundo, que somos o mal do mundo”, explica um dos líderes da organização do Beijaço, que prefere não se identificar por medo de “ataques de fundamentalistas religiosos”.

“Desde o início, o Beijaço foi pensado para a semana da JMJ. (…) Em termos estratégicos é imprescindível demarcarmos a legitimidade das nossas sexualidades nesse momento”, afirma outra líder do movimento. “A própria reação dos religiosos na página do evento [no Facebook] demonstra como o imaginário e o conservadorismo católico e cristão se traduzem em atitudes e discursos violentos e intolerantes contra as sexualidades não-normativas”.

A concentração do ato será feita no Largo do Machado, zona sul da cidade, às 14h, a menos de 1,5 km da sede do governo. De lá, os manifestantes seguirão em direção ao Palácio Guanabara, onde pretendem chegar às 17h. Até a quarta-feira (17), cerca de 1.500 pessoas haviam confirmado presença pelo Facebook.

“O beijo – expressão de amor ou prazer – será a nossa forma de protestar dessa vez. Chega desse falacioso discurso moral e do atropelo de nossos direitos fundamentais! Vocês vão ter que nos engolir! Toda forma de amor vale a pena!”, diz a organização do protesto.

O grupo afirma que não pretende se reunir com o Papa e sim “dar visibilidade à opressão que a população LGBT sofre nas ruas, alertando para o perigo de discursos religiosos fundamentalistas”.

“Não há nenhum interesse de reunião com o Papa, não temos o que reivindicar à Igreja. Não queremos e não precisamos que nenhuma religião legitime nossas sexualidades, queremos apenas que elas sejam respeitadas. (…) As pessoas em geral não conectam as declarações religiosas com a morte das Travestis e Transexuais, com as agressões físicas à lésbicas e homossexuais. Como se as violências físicas não encontrasse nos discursos religiosos que atacam as nossas sexualidades o respaldo moralista”, explica.

Os organizadores do “beijaço LGBT” afirmam ainda que o medo de uma maior repressão policial por conta da JMJ é o mesmo de repressões homofóbicas sofridas todos os dias.

“O cotidiano do LGBT é repleto de incertezas e inseguranças. Porque além da violência sofrida por qualquer cidadão, assalto e etc, temos um tipo de violência específica que ataca diretamente a nós, que é pelo fato de não nos enquadrarmos nos perfis hetenormativos que esperam da gente”, explica um dos líderes.

[b]Fonte: UOL[/b]

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