Em mais um ataque contra o patrimônio histórico do Rio, bandidos invadiram a Igreja Nossa Senhora dos Remédios, na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, e levaram quadros e dois castiçais de madeira folheados a ouro do século XVII.

Detetives da 32 DP (Taquara) investigam a participação de um falso pastor evangélico, ainda não identificado, que visitou a igreja dias antes do crime.

Este foi o segundo ataque ao templo, que é tombado e se encontra em péssimo estado de conservação, em menos de um ano: em 2005, um casal, com o homem vestido de padre, roubou uma imagem de Cristo. Segundo funcionários da igreja, a obra foi recuperada e está sob a guarda da matriz, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, em Curicica.

O furto, segundo voluntários que trabalham no local, ocorreu na madrugada do último dia 26. Os bandidos entraram e saíram por uma das janelas, que ficam sem trancas. Além das obras de arte que reproduzem imagens de Santo Antônio e São João Batista (autoria desconhecida) e dos castiçais, os bandidos levaram dois microfones e uma mesa de som. O crime foi descoberto pela manhã, por funcionários do templo.

— A gente lamenta, pois estamos lutando pela restauração da igreja, mas até agora nada foi feito. Os bandidos chegaram a deixar marcas de sapatos nos bancos logo abaixo da janela — contou Esmeralda Justino Gonçalves Afonso, que há dez anos trabalha como zeladora do templo.

As portas da igreja, por exemplo, sequer têm fechadura e são mantidas fechadas por um tronco de madeira. O reboco da fachada também caiu em vários pontos.

O supervisor de segurança da colônia, Fernando Coutinho, acredita que o furto foi praticado por alguém que conhecia bem obras de arte. O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) fará hoje uma vistoria ao local.

Igreja foi inaugurada por Dom Pedro II em 1862

Com projeto de Theodoro Marx (arquiteto oficial do Império), a Igreja Nossa Senhora dos Remédios foi inaugurada em 19 de outubro de 1862, em cerimônia com a presença de D. Pedro II. O terreno escolhido era o mesmo onde escravos construíram uma capela, também em homenagem à santa, em meados do século XVII. A igreja é apontada como um dos poucos exemplos no Rio da fase neo-clássica da arquitetura brasileira. Desde então, o templo passou por duas grandes reformas: em 1953 e em 1972 — esta última depois de um incêndio.

Fonte: Globo Online

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