A perda de um dossiê com informações confidenciais fez com que o dispositivo de segurança previsto para a visita do Papa a Barcelona tivesse de ser alterado.

Há um mês, um agente do Corpo Nacional de Polícia perdeu 11 páginas com dados policiais, como o número de câmeras de vigilância que há no trajeto de Bento 16 e uma relação dos hotéis onde se alojará sua comitiva. O delegado do Governo da Catalunha, Joan Rangel, admitiu que o extravio da documentação obrigou a mudança de alguns aspectos do esquema de segurança, que não especificou.

No entanto, Rangel ressaltou que “não há riscos” de segurança para a visita do Papa, que no domingo consagrará o templo da Sagrada Família (ainda inacabada). O incidente teria permanecido na esfera das autoridades policiais não fosse por um morador de Barcelona. Na noite da terça-feira passada, o homem saiu para levar seu cachorro para passear na parte alta da cidade e encontrou alguns papeis espalhados e pisoteados no chão. Depois de examiná-los, levou-os a uma emissora catalã, RAC-1, que na manhã de segunda-feira divulgou a informação.

Os Mossos d’Esquadra (polícia autônoma catalã) recolheram nessa mesma manhã o dossiê e estão analisando o conteúdo. Fontes policiais se perguntam por que o homem procurou primeiramente um meio de comunicação, e não a delegacia. “Fiquei surpreso pela forma como tomamos conhecimento do assunto publicamente”, lamentou Rangel, que disse ainda que o assunto “foi detectado imediatamente e foram realizadas as correções necessárias”.

A Delegação do Governo da Catalunha afirma que os papeis se extraviaram há um mês. É de se supor, portanto, que durante todo esse tempo os papeis estavam perdidos em algum lugar de Barcelona.
O funcionário, de qualquer forma, informou imediatamente seus superiores. Uma das primeiras medidas que os responsáveis pelo dispositivo tomaram foi alterar os números de celulares e os endereços de e-mails designados a 21 comandos policiais e altos funcionários da área de segurança, que apareciam nos documentos depois de uma reunião de alto nível realizada em 7 de outubro, precisamente para preparar a visita do pontífice.

Em um dos documentos, assinado pelo chefe da seção de Segurança Eletrônica da polícia, está detalhado o número de câmeras de segurança e de bloqueadores de frequência necessários para a área da Sagrada Família. Outro dos papeis contém o protocolo que estabelece quando deve entrar em funcionamento o centro de coordenação operativa, assim como as necessidades materiais e o número de agentes que seriam necessários. Também aparecem números IP com o nome do usuário e a senha de acesso (dados que já foram alterados), um sistema para interceptar e analisar comunicações digitais e o nome de um tenente-coronel sob as palavras “Casa Real”.

O Corpo Nacional de Polícia considera que essa informação não é especialmente delicada já que se trata, sobretudo, de requerimentos “logísticos”. Fontes policiais confirmaram que, de todos os documentos do dispositivo que poderiam ter sido perdidos, esses não são os mais relevantes nem os mais comprometedores. O delegado do Governo da Catalunha não quis esclarecer quem foi o responsável pela perda, nem se foram tomadas medidas disciplinares contra ele. Só indicou que esse assunto “depende dos superiores hierárquicos” do funcionário.

A conselheira de Justiça da Generalitat (governo autônomo da Catalunha), Montserrat Tura, classificou como “negligência” a perda dos documentos, que “não podem estar em via pública, de maneira nenhuma”. Tura pediu por uma investigação para esclarecer os fatos e saber a que corpo policial pertence a pessoa que os perdeu. Os Mossos d’Esquadra asseguram que essa pessoa não é membro do corpo de polícia autônoma.

[b]Fonte: El Pais[/b]

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