A Bielorússia passou a impor multas de mais de dois salários mínimos para os batistas que “organizarem louvores ou conduzirem conversas abordando tópicos religiosos” fora do mercado público de Ushachi.
Para celebrar a ascensão de Cristo, no dia 5 de junho (muitos protestantes da ex-República da União Soviética seguem o calendário Juliano), um grupo de batistas começou a evangelizar fora de um mercado na cidade de Ushachi (região de Vitebsk), batendo de porta em porta.
Um policial à paisana pediu ao grupo que parasse com aquelas atividades, já que eles não tinham permissão do Comitê Executivo do distrito de Ushachi. Um dos batistas, Vladimir Burshtyn, retrucou alegando que eles não estavam perturbando a ordem pública e citou a liberdade religiosa garantida pela Constituição da Bielorússia e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O Estado, no entanto, foi implacável. Uma corte da Bielorússia promulgou multa de 700 mil rublos bielorussos (R$ 533) – mais de dois salários mínimos locais – para Vladimir Burshtyn.
Uma oficial, Olga Karchevskaya, vice-presidente do Comitê Executivo do distrito de Ushachi e testemunha da ação, defendeu a acusação em 20 de junho, declarando que a abordagem dos cristãos foi errada. “É comum, por educação, que uma pessoa se apresente e diga o que quer quando vai visitar a casa de alguém”, sustentou.
Ela ainda completou dizendo: “Nós precisamos saber quem está vindo até nós, eles ( os cristãos) podem ser destruidores ou podem agir contra o interesse das outras pessoas.”
Multa de dois salários
A multa é a mais alta já imposta aos batistas para punir as atividades religiosas não registradas. Multas ainda mais altas já foram determinadas para membros de outras comunidades.
Depois da chegada de Olga Karchevskaya, Burshtyn foi escoltado até a delegacia local e acusado sob os artigos 23 e 24, parte 2 do Código de Violações Administrativas (que diz respeito à violação por manter demonstrações ou outros eventos de massa). Uma corte local o multou mais tarde, no mesmo dia.
Um membro da mais próxima congregação do Conselho Batista de Igrejas de Ushachi, localizado a 35 quilômetros do sudeste de Lepel, Olga Plisko, disse ao Forum 18 que os batistas envolvidos não eram da região. Ela disse que sabe, no entanto, que eles vão recorrer contra a multa.
Em outro incidente, o culto de uma congregação batista em Osipovichi foi interrompido por oficiais e o diácono da igreja recebeu uma multa de dois salários mínimos por conduzir uma comunidade religiosa sem registro.
Atividades religiosas sem a permissão do Estado também têm sido punidas com multas pesadas em países vizinhos à Bielorrússia.
Fonte: Portas Abertas