Ratzinger reafirmou em carta que seu afastamento foi válido e que não foi constrangido a se demitir em razão de um complô ou de pressões internas no Vaticano.
“Não há dúvida a respeito da validade da minha renúncia ao ministério petrino (papado).” Assim o papa emérito Joseph Ratzinger rejeitou como “absolutamente absurdas” as especulações de que ele tenha sido constrangido a se demitir em razão de um complô ou de pressões internas no Vaticano. Bento XVI fez as afirmações em carta endereçada ao vaticanista Andrea Tornielli, do jornal italiano La Stampa. Ratzinger reafirmou que sua renúncia foi válida e disse que não existe nenhuma “diarquia” no comando atual da Igreja. Ou seja, não existe um duplo governo, dele e de Francisco. Em seu texto, o papa emérito escreve que há apenas um “para reinante e em plenas funções (Francisco)”. Por fim, ele afirmou que o único objetivo de suas “jornadas é orar por seu sucessor”.
Tornielli escreveu que a carta de Ratzinger foi uma resposta às perguntas que o jornalista fez com base em questões levantadas por diversos meios de comunicação durante o aniversário de uma ano da renúncia de Bento XVI. Em 11 de fevereiro de 2013, Ratzinger decidiu deixar o papado, o que não ocorria na Igreja havia seiscentos anos. O vaticanista afirmou que o papa emérito foi “sintético e preciso”, desmentindo os supostos detalhes sobre bastidores de sua decisão. A carta ainda convida os fiéis a não dar significados impróprios às escolhas de Bento XVI, como àquela de manter as vestes brancas mesmo depois de ele ter deixado as funções como bispo de Roma.
Ratzinger escreve que “a manutenção do hábito branco e do nome Bento é uma coisa simplesmente prática”. “No momento da renúncia não havia à disposição outras roupas. De resto, porto o hábito de modo claramente distinto daquele do papa. Aqui também se trata de especulação sem o mínimo de fundamento.” No fim de semana passado, Bento XVI compareceu ao consistório que nomeou os novos cardeais da Igreja, entre eles d. Orani Tempesta, arcebispo do Rio. Ratzinger, segundo o vaticanista, não quis nenhum lugar especial ou separado dos demais presentes na cerimônia e sentou-se em uma cadeira igual à dos cardeais, em um canto, ao lado deles. Quando o papa Francisco, ao início e depois no fim da cerimônia, aproximou-se para saudá-lo e abraçá-lo, Bento retirou o solidéu em reverência ao colega, segundo Tornielli, para “atestar publicamente que o papa é um apenas”.
[b]Fonte: Estadão[/b]