A luta de um bispo idoso para evitar que políticos busquem a reeleição abriu um novo foco de conflito entre o presidente da Argentina, Néstor Kirchner (foto), e a influente Igreja católica local.
A disputa domina os jornais na Argentina e se transformou em dor de cabeça para o presidente, que já havia chocado a cúpula da Igreja com questões como aborto e acusações de cumplicidade entre a hierarquia eclesiástica e a ditadura militar entre 1976 e 1983.
O bispo Joaquín Piña, de 76 anos, lidera uma aliança oposicionista para enfrentar o governador da província de Misiones, um aliado de Kirchner, que pretende alterar a Constituição local para poder ser reeleito indefinidamente.
“Estamos defendendo a democracia, isso vai além da política e dos partidos”, disse Piña à Reuters, em seu escritório na cidade de Puerto Iguazú, em Misiones.
“E como se pretende reformar a Constituição para possibilitar a reeleição de forma indefinida, isso não é possível em uma democracia, é uma ditadura”, acrescentou.
O bispo acusa o governador de controlar a província como se fosse um feudo pessoal. Muitas províncias argentinas são administradas por caudilhos poderosos e alguns já conseguiram mudar a Constituição para obter novos mandatos.
Kirchner, que deu impulso à reeleição ilimitada na província de Santa Cruz quando a governava, viajou na semana passada a Misiones, no norte do país, para respaldar o governador Carlos Rovira, e afirmou que a Igreja devia se manter distante da política.
O bispo encabeça uma lista de candidatos a uma Assembléia Constituinte que decidirá se será possível a reeleição ilimitada em Misiones. A votação dos integrantes da assembléia ocorrerá mais adiante neste mês.
Fonte: Reuters