A Polícia Civil de Brasília recebeu na última quinta-feira (23) uma notícia-crime em que uma testemunha narra crimes sexuais supostamente cometidos pelo bispo Wagner Negrão, da Igreja Universal do Reino de Deus. Uma outra testemunha narrou os mesmos fatos em uma representação registrada no Ministério Público do Distrito Federal na terça-feira (28).
As informações são de Carolina Brígido, colunista do UOL, e Kleyton Amorim, do UOL.
As duas testemunhas são homens, fiéis da igreja, que preferem não se identificar. Um deles, localizado pelo UOL, disse que ouviu o relato de mulheres com quem convivia na Universal e, sensibilizado com as histórias, resolveu procurar as autoridades e pediu ajuda para a advogada Valéria Paes Landim, que atua na defesa dos direitos das mulheres. O texto protocolado na Polícia Civil e no Ministério Público é o mesmo e foi escrito por ela.
Procurada pela reportagem por meio da assessoria de imprensa, a Universal afirmou que, a partir da denúncia trazida, “está levantando as informações para apurar, com rigor, a verdade dos fatos”. A igreja, no entanto, afirmou que “não tem conhecimento, ou foi notificada da existência de qualquer acusação, procedimento ou investigação contra o bispo Wagner”.
Wagner Negrão é membro da Universal há 35 anos. Ele realiza cultos nas segundas, quartas, sextas e domingos no templo da Asa Sul, em Brasília. Eventualmente, também fez pregações em Taguatinga, região administrativa localizada a cerca de 25 quilômetros da capital federal. Segundo um dos fiéis ouvidos pelo UOL, os supostos crimes ocorreram nas duas igrejas. Outras duas fiéis confirmaram a informação.
Resposta da Universal
Na nota enviada à reportagem do UOL, a igreja afirma que, “sem conhecer os nomes das acusadoras e as datas exatas dos supostos episódios, o oficial da Universal sequer tem como se defender para comprovar sua inocência. Se, de início, não é possível colocar em dúvida os depoimentos que o UOL colheu das supostas vítimas, da mesma forma não é razoável que uma acusação tão grave seja publicada sem que o acusado saiba quem o incriminou”.
Os documentos com as acusações são públicos e o UOL, a pedido das vítimas, mantém o anonimato das pessoas que fizeram os relatos à reportagem.
Leia a íntegra da nota da Universal:
“De início, ressaltamos que o bispo Wagner Negrão está há mais de 32 anos na Igreja Universal do Reino de Deus e, ao longo desse tempo, jamais se teve notícia de qualquer ato ou conduta semelhante ao relatado pelo UOL.
A partir da denúncia trazida, a Universal está levantando as informações para apurar, com rigor, a verdade dos fatos. Contudo, surgem algumas questões a partir do relato que a jornalista traz:
– a Universal não tem conhecimento ou foi notificada da existência de qualquer acusação, procedimento ou investigação contra o bispo Wagner;
– bispos e pastores, por orientação da Igreja, obrigatoriamente, são acompanhados por suas esposas ou por outros oficiais para atendimentos;
– como responsável pela Universal do Distrito Federal, o bispo Wagner Negrão exerce o trabalho eclesiástico na catedral, que é a sede da igreja na localidade;
– sem conhecer os nomes das acusadoras e as datas exatas dos supostos episódios, o oficial da Universal nem sequer tem como se defender para comprovar sua inocência. Se, de início, não é possível colocar em dúvida os depoimentos que o UOL colheu das supostas vítimas, da mesma forma, não é razoável que uma acusação tão grave seja publicada sem que o acusado saiba quem o incriminou.
Por fim, é importante destacar que o bispo Wagner conduz, na Universal do Distrito Federal, uma minuciosa investigação interna contra desvios de conduta de ex-pastores envolvidos com uma conhecida pirâmide financeira e que ele tem sido ameaçado desde que denunciou os ilícitos praticados por essa quadrilha para as autoridades locais.
Caso o UOL realmente publique uma reportagem sobre essas seriíssimas acusações, sem que o acusado possa se defender adequadamente _ e possa saber quem são as acusadoras, se são pessoas às quais o bispo já teve acesso_, solicitamos que estes esclarecimentos sejam publicados na íntegra e com destaque, sem embargo de outras medidas reparatórias que poderão ser adotadas.
UNIcom — Departamento de Comunicação Social e de Relações Institucionais da Universal”
Fonte: UOL