O bispo Mark Dröge, da Igreja Evangélica Berlim-Brandenburg-Silésia, publicou artigo classificando a visita de Bento XVI a Alemanha de “decepcionante, irritante, uma oportunidade perdida”.
Dröge criticou o fato do Pontífice romano ter escrito uma carta pessoal criando uma expectativa “estúpida” para o ecumenismo em relação à visita.
Ele chegou a afirmar que a aparente sobriedade do papa não tem nenhuma paixão, não apresenta nenhum conceito de ecumenismo e não traz sequer uma ideia de trabalho teológico, como seu antecessor. Nem mesmo uma compreensão preliminar de ministério.
Em relação aos avanços da Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, o papa não aproveitou sequer a oportunidade e pouco acrescentou. Nem mesmo a dimensão comum do Batismo foi capaz de debater, lamentou o bispo luterano.
Diante desse posicionamento, Dröger afirmou que “a atitude do papa não afeta a nossa auto-compreensão protestante. Não estamos esperando por dádivas ecumênicas,” que ele sugere ter sido o maior equívoco papal em Erfurt. O que os evangélicos e a sociedade esperam é um debate sério, a partir do qual as igrejas entendam o Evangelho de Jesus Cristo e a melhor forma de a ele corresponder.
O líder protestante indicou que “uma diferença é que os evangélicos se guiam por princípios bíblicos para buscar o bem, diferentemente de sua fala no Estádio Olímpico de Berlim, orientando a buscar a santidade da Igreja. Os evangélicos se sabem ‘justificados’” e por isso podem contar com o evangelho.
“Ao contrário do papa, em Erfurt, nós honramos não apenas a proposta de Lutero sobre um Deus misericordioso”, mas também da resposta reformada: a confiança em Cristo, a palavra por si só, e apenas a graça (sola gratia). “Ao contrário do papa, em Freiburg, não estamos falando de ‘desapego’, mas acreditamos com Paulo que o verdadeiro serviço de Deus no mundo cotidiano está ocorrendo”.
Portanto, a disputa não deve ser ecumênica e em prol da autocompreensão de evangélico, mas a da verdadeira interpretação do Evangelho.
“O debate é necessário para temas como a ordenação de mulheres – a partir da plenitude de Cristo (Gálatas 3:28) – assim como os direitos dos amantes do mesmo sexo, porque também a eles a não diminuível imagem de Deus é concedida, como a forma sinodal da Igreja, porque cada ser humano batizado cristão é chamado à responsabilidade na Igreja de Cristo, como o nosso convite à Ceia do Senhor, porque o próprio Cristo convida todos os batizados à partilha de pão e vinho”.
Dröge concluiu afirmando que a visita do papa também foi decepcionante para irmãos e irmãs católicos romanos. “Nenhuma palavra sobre a necessidade de reformar a igreja ou sobre a consciência daqueles que – com seus parceiros protestantes – querem seguir o chamado de Jesus para cear juntos”. Nenhuma resposta empática ao pedido do presidente da Igreja Evangélica. Nada muito conciliador sobre as situações de conflito e lutas na Igreja.
Tudo isso também deve “entristecer o coração de todos os cristãos evangélicos, queridos irmãos e irmãs na comunhão com a Igreja Católica Romana”. Porque “se um membro sofre, todos sofrem com ele” (1 Cor 12, 26), concluiu.
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Fonte: ALC[/b]