A existência de cerca de 200 fitas pornográficas em uma locadora dentro de uma sala paroquial colocou o padre Alceu Garcia Marques, 48 anos, no centro de uma crise eclesiástica.
Por determinação do bispo de São José do Rio Preto, Dom Paulo Mendes Peixoto, a loja foi fechada.
Segundo o padre, a locadora foi um presente de sua irmã e era administrada por seus três filhos adotivos. Marques é o responsável pela Paróquia São João Batista, em Nhandeara, há três anos. A locadora, que tinha filmes de vários gêneros, funcionava há sete meses em uma sala vazia da paróquia. “Existe um centro catequético, com algumas salas vazias. A locadora funcionava em uma delas e talvez por isso o pessoal está mais chateado”, disse o pároco ao G1.
Ele justificou-se dizendo que o catálogo da locadora tinha fitas “adultas” assim como outros comércios do ramo. Sobre o fato de não ter censurado os filmes reprovados pela igreja, ele eximiu-se da responsabilidade. “Deixei a critério dela (irmã) estes pormenores. Não sou empresário, sou padre”, afirma.
Segundo Marques, a renda obtida com os aluguéis dos vídeos não era usada na manutenção da paróquia. “Era somente para manter meus filhos.” O padre disse que obteve a guarda legal, com autorização da igreja, de três adolescentes que hoje estão com 21, 23 e 25 anos. A locadora ainda vai funcionar durante esta semana, para receber as fitas que estão alugadas. Marques disse que vendeu nesta segunda-feira toda a estrutura. Ele não quis divulgar o valor e o nome do comprador do negócio.
Longe da polêmica, Marques afirma que uma das suas prioridades na administração da igreja tem sido a conservação do templo, que recebe cerca de 1,8 mil fiéis durante os fins de semana. “É o único ponto turístico da cidade.” Além disso, o padre se orgulha de ter iniciado uma missa aos domingos específica para as crianças. Sobre a acusação de que teria se envolvido em reuniões com vereadores de oposição, disse que tem sido vítima de perseguição política. “Nunca estive ao lado de ninguém, estou ao lado da verdade”, afirma.
Fonte: G1