Um grupo de bispos católicos africanos pediu à Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que promove uma reunião em Pretória para debater a crise no Zimbábue, para pôr fim ao “genocídio passivo” que ocorre no Zimbábue.

Em uma carta enviada aos chefes de Estado e de governo e ministros das Relações Exteriores dos 15 Estados-membros da SADC, os bispos católicos da África Austral pediram aos líderes regionais para que “deixem de apoiar ativamente e de dar credibilidade ao regime de Robert Mugabe com efeito imediato”.

“Robert Mugabe deve se demitir imediatamente e os dirigentes da África Austral deverão cessar imediatamente o apoio que prestam a Mugabe e a credibilidade que lhe conferem, sob pena de terem de aceitar cumplicidade na criação das condições que resultaram na fome, deslocamento de populações, doença e morte para os zimbabuanos anônimos. Isto não é mais do que genocídio passivo”, diz o texto.

Aparentemente alheios aos apelos para que endureçam posições face a Mugabe e ao seu governo, os dirigentes da SADC continuavam reunidos em Pretória para tentarem persuadir o líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Morgan Tsvangirai, a aceitar ser empossado como primeiro-ministro de um governo de unidade, no topo do qual estará Robert Mugabe como chefe do Estado.

Fontes próximas dos negociadores manifestaram no início dos encontros de hoje do órgão de política, defesa e segurança, da troika da SADC e dos protagonistas directos da crise que as divergências iniciais eram muito difíceis de solucionar se Mugabe mantivesse a exigência de controlar o ministério da administração interna e praticamente toda a administração pública e mantivesse a recusa em libertar os presos políticos.

Crise

No lado de fora do edifício onde ocorre a reunião, oito dos mais de 100 manifestantes que protestavam contra a ausência de direitos humanos no seu país foram atingidos por balas de borracha disparadas pela polícia sul-africana.

Um grupo de manifestantes que tentou entrar no local foi detido pelas autoridades durante tarde.

O Zimbábue está praticamente sem governo desde as eleições de 29 de março do ano passado. O MDC conquistou a maioria dos assentos parlamentares, enquanto Morgan Tsvangirai venceu por maioria simples a votação presidencial.

Confrontado com a iminência de uma nova derrota no segundo turno, o candidato Robert Mugabe usou as forças de segurança para espalhar o terror entre a população em áreas onde o MDC venceu, o que forçou Tsvangirai a desistir do segundo turno alegando total ausência de condições de segurança.

A SADC, que não legitimou o segundo turno nem a auto-proclamada vitória de Mugabe, tenta desde então que Zanu-FP e MDC aceitem formar um governo de unidade para tirar o país da crise.

Sem imprensa livre nem liberdade política nem de associação, o Zimbábue entrou em crise econômica e financeira. A sua taxa de inflação ultrapassou os 231 milhões por cento ao ano e o desemprego é atinge mais de 85% da população ativa.

Uma epidemia de cólera que eclodiu em meados de novembro de 2008, em conseqüência do colapso dos serviços básicos, já matou mais de 2.700 pessoas e se espalhou para países vizinhos.

Fonte: Lusa

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