Igreja Católica denunciou, nesta segunda-feira, a inexistência de legislação para evitar a cada mais preocupante concentração e estrangeirização de terras e de recursos naturais na Argentina.
Os bispos encabeçados pelo monsenhor Jorge Casaretto, que integram a Pastoral Social, apresentaram ao episcopado o resultado de dois anos de estudos sobre a problemática da terra e o habitat, que consideram “inquietante”. O trabalho está registrado no livro “Uma terra para todos”, editado pela Conferência Episcopal Argentina.
O esforço da recopilação e análise dividiu-se entre a comissão episcopal da Pastoral Aborígene e a Caritas sobre dados estatísticos do Observatório da Dívida Social, da Universidade Católica Argentina (UCA).
O relatório diz que “se evidencia, na atualidade, uma elevada concentração das terras produtivas”, e mencionam que, segundo o último Censo Nacional Agropecuário de 2002, 10% das maiores explorações agropecuárias do país concentravam, naquele ano, 78% do total de hectares registrados, enquanto 60% das explorações menores não reuniam 5% das terras.
Num país onde se debate a propriedade de terras ociosas, a propriedade em mãos estrangeiras e a possível expropriação dessas terras, o livro do episcopado argentino aparece num momento oportuno.
Os bispos são críticos da realidade social e política, quando afirmam: A estrangeirização não é novidade no país nem na América Latina, é um processo de “perda de soberania e de recursos naturais” que tem origem no “endividamento dos pequenos e médios produtores com o estrangeiro sendo favorecido pela falta de ordenamento legal por parte da Nação e das províncias no que se refere à legislação sobre terras”.
O relatório faz eco a respeito de uma situação por demais conhecida, mas quase sempre silenciada: que os projetos de lei voltados à restrição da aquisição de terras por partes de estrangeiros não foram tratados no tempo estipulado e perderam-se por decurso de prazo.
Os prelados envolvidos na publicação expressaram preocupação da igreja diante da “venda indiscriminada de grandes extensões, nas quais se desmonta o bosque nativo, colocando em perigo o meio ambiente, casa comum na qual todos devemos viver”.
Fonte: ALC