Bolsonaro se reuniu com jornalista na sexta-feira, 14 de junho (Foto: Marcos Correa/Presidência da República)
Bolsonaro se reuniu com jornalista na sexta-feira, 14 de junho (Foto: Marcos Correa/Presidência da República)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (14) que o Supremo Tribunal Federal (STF) foi além de suas atribuições ao criminalizar a homofobia e voltou a citar a possibilidade de nomear um juiz evangélico para o tribunal.

Num café da manhã com 29 jornalistas em Brasília, Bolsonaro considerou que a decisão do STF de equiparar penalmente a homofobia ao racismo poderia prejudicar os próprios homossexuais. No ambiente de trabalho, por exemplo, um empregador “vai pensar duas vezes” antes de contratar um um homossexual, por temer ser acusado de homofobia, declarou.

O STF cometeu um “completo equívoco”, porque “entrou na seara do Legislativo”, afirmou o presidente, eleito com forte apoio das ultraconservadoras igrejas pentecostais.

O Superior Tribunal Federal aprovou a decisão por 8 votos a 3. Mas segundo Bolsonaro, se na corte tivesse um ministro evangélico, teria “pedido vista” (tempo para analisar o caso), adiando a votação.

“Tem que ter um equilíbrio ali [no tribunal]. Isso não é misturar política com religião”, disse, segundo texto divulgado no site G1.

O presidente já havia citado no fim do mês passado a possibilidade de nomear um evangélico para o STF, que deve ter dois cargos vagos por aposentadoria antes do fim de seu mandato 2022.

Em suas deliberações concluídas na quinta-feira, o STF considerou que o Poder Legislativo foi omisso ao não aprovar até agora uma lei que permita criminalizar a homofobia.

Bíblia de presente

O café da manhã terminou de forma incomum. Conforme relatou o jornal digital Poder 360, a repórter Delis Ortiz, da Globo, presenteou o presidente com uma Bíblia e agradeceu, em nome dos demais colegas, por ter recebido os profissionais que fazem a cobertura diária no Palácio do Planalto.

Delis Ortiz é membro da Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília, segundo o Wikipédia.

Ainda segundo o site, “outros jornalistas que trabalham acompanhando diariamente as notícias do Planalto dizem que também não tinham conhecimento de que haveria a entrega de uma Bíblia”.

A Rede Globo disse em nota: “Delis afirma que foi exclusivamente dela a iniciativa de presentear o presidente. A Globo não foi avisada por Delis Ortiz sobre a atitude pessoal que ela decidiu tomar”.

Delis Ortiz agradece a Bolsonaro pelo convite aos jornalistas que cobrem o Planalto. Foto: Marcos Corrêa/PR

A nota da Globo questiona parte do relato do Poder 360: “Diferentemente do que diz a publicação do site Poder 360, a repórter Delis Ortiz afirma que não partiu dela a iniciativa de fazer agradecimentos ao presidente Jair Bolsonaro, durante café da manhã do presidente com jornalistas que cobrem diariamente o Palácio do Planalto, ontem de manhã. A iniciativa foi do porta-voz, Rego Barros, que pediu a ela pra falar em nome dos jornalistas, por ser a mais experiente setorista do comitê de Imprensa do Palácio do Planalto, entre todos os que estavam presentes.”

Em meados de abril, uma filha de Delis Ortiz foi nomeada para um cargo na coordenação de relações públicas da Secretaria-Geral da Presidência da República. Ao tomar conhecimento, a Globo deslocou a jornalista da cobertura dos assuntos do Planalto para os do Congresso.

Três dias depois do blog do Mauríco Stycer ter dado esta notícia, a nomeação da filha de Delis foi cancelada e a Globo recolocou a jornalista na cobertura do Planalto.

Fonte: UOL e AFP

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