O Brasil é o país com o menor gasto por aluno entre os 34 analisados pelo relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre educação, divulgado ontem.

O valor que é investido em cada estudante – somando-se gastos do ensino básico e do superior – é de US$ 1.303 por ano. Noruega e Suíça investem quase dez vezes mais , mas o Brasil perde ainda para latino-americanos como Chile e México, que gastam o dobro.

Como o mesmo relatório, chamado Education at a Glance, já mostrou no ano passado, o responsável pelo baixo investimento geral em educação no País pode ser explicado pelos gastos com o ensino fundamental. Enquanto nações como os Estados Unidos investem US$ 8,8 mil por aluno nesse nível de ensino, o Brasil gasta US$ 1.159, valor mais alto apenas que o registrado na Turquia.

“É preciso lembrar que estamos sendo comparados, na maioria, com países de primeiro mundo”, diz o educador Claudio Moura e Castro. Para ele, o grande problema do País é que, além de se gastar pouco, se gasta mal. “Há 30% de professores em licenças, muitas faltas, jornadas de trabalho não cumpridas. Só colocar mais dinheiro não resolve”, completa.

Quando se fala em ensino superior, os gastos brasileiros sobem para US$ 9.019, próximo da média de US$ 11 mil dos países da OCDE. Essa distorção levou a mobilizações recentes de educadores e governo para valorizar a educação fundamental. Neste ano, o Ministério da Educação (MEC) lançou o Plano Nacional para o Desenvolvimento da Educação (PDE), cujo foco é justamente aumentar os investimentos no ensino básico.

O Movimento Todos Pela Educação, que reúne os maiores empresários brasileiros e que comemorou ontem seu primeiro ano, também defende que 5% do Produto Interno Bruto (PIB) – que em 2006 foi de R$ 2,322 trilhões – seja destinado ao ensino básico. Isso equivaleria a cerca de R$ 115 bilhões por ano.

Atualmente, segundo o relatório divulgado ontem, o índice está em 2,9% do PIB. Se forem incluídos os gastos com ensino superior, sobe para 3,9%. Os dados da OCDE são referentes a 2004. Ao compará-los com as estatísticas de dez anos antes, o Brasil investia 3,6% do PIB em educação.

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, o PDE e o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Básico (Fundeb) vão aumentar em 0,4% do PIB os investimentos com educação. “Se Estados e municípios também fizerem esforços, poderemos chegar à meta de 6% do PIB”.

O aumento no investimento no ensino da população ocorreu na maior parte dos países, segundo a OCDE. Os países ricos, de acordo com o relatório, estão gastando 42% a mais do que faziam há 12 anos, mas os recursos estão sendo usados de maneira ineficiente, o que não faz melhorar a qualidade da educação. “Os países estão gastando em conjunto mais do que nunca”, afirma a organização. De acordo com a OCDE só 55% dos gastos do governo dos Estados Unidos, por exemplo, foram destinados a pagamento de professores.

De acordo com o representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil, Vicent Defurny, todos os países que melhoraram o ensino nos últimos anos investiram até 20% do PIB na área. “É preciso haver um esforço de crescimento desse índice na etapa de construção para depois estabilizar (o investimento).”

Diploma

O relatório também mostra que pessoas com diploma universitário recebem salários pelo menos 25% maiores do que as que apenas terminam o ensino médio em todos os países analisados. Além disso, a taxa de desemprego dos que concluíram o ensino superior é 5 pontos porcentuais inferior à dos que concluíram o ensino médio.

Desde 1995, aumentou em 7% o índice de conclusão do ensino médio entre os países membros da OCDE. E uma média de 32% dos jovens entre 25 e 34 anos finalizaram seus estudos em universidades nessas nações.

Pelo mundo

US$ 1.303 é
quanto o País investe por ano em cada estudante, somando-se os gastos do ensino básico e
do superior

US$ 12 mil
é quanto gastam os Estados Unidos por ano e por aluno

100% é o índice
de obtenção de diploma no ensino médio entre a população com idade apropriada para concluir
esse nível de educação

59,4% é a taxa
da população que tem curso superior completo

8,4% é o quanto
do Produto Interno Bruto (PIB) de Israel é empenhado em investimentos em educação naquele país

8 mil horas
é o tempo acumulado em sala de aula pelos estudantes, entre os 7 e os 14 anos de idade, que
vivem na Itália

Fonte: Estadão

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