A campanha do referendo sobre a descriminação do aborto em Portugal começou nesta terça-feira com o objetivo de conseguir uma forte participação tanto de defensores quanto de críticos de um tema considerado um tabu na sociedade portuguesa.

O debate começou há várias semanas na imprensa, com a participação, sobretudo, da influente Igreja católica, cujos alguns representantes têm ameaçado com a excomunhão aos que votarem a favor da descriminalização do aborto em 11 de fevereiro.

Mas os encontros ou manifestações pró e contra organizadas até o momento não chegaram a concentrar mais de 4.000 pessoas.

Faltando 12 dias para a consulta, esta apatia aparente preocupa os partidos e os 17 movimentos civis formados para participar da campanha, que temem que a abstenção alcance 68% da consulta anterior sobre o tema, em 1998, quando o “não” ganhou por pouco mais de 50%.

Para que o resultado do referendo seja vinculante, a participação deve ser de mais da metade dos 8,4 milhões de eleitores inscritos, embora o governo socialista tenha anunciado que se esta meta não for alcançada, modificará a lei se o “sim” for majoritário.

O aborto, que atualmente é autorizado apenas em casos de estupro, risco de saúde para a mãe ou má-formação congênita do feto, poderá ser feito, caso a lei seja modificada, por desejo da mãe nas 10 primeiras semanas de gravidez.

Nas últimas pesquisas de opinião, as intenções de voto pelo “sim”, embora sejam majoritárias, perderam terreno, situando-se a 38%, frente a 28% do “não” e a uma forte proporção de indecisos.

Segundo os analistas, tanto defensores quanto críticos da descriminação do aborto tentam conquistar o voto dos jovens.

Fonte: AFP

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