A poucos dias das eleições nacionais, a campanha nicaragüense não exclui a religião, unindo os discursos de candidatos, sacerdotes e políticos com tintura religiosa.
O cardeal Miguel Obando y Bravo afirmou que a participação da Igreja Católica na política nacional faz parte de suas obrigações na busca do bem comum. Obando manifestou-se sobre a situação política a duas semanas das eleições, em Porto Rico, onde foi agraciado com o título de doutor Honoris Causa.
O congressista norte-americano Henry Hyde manifestou preocupação ao papa Bento XVI ante um eventual triunfo do candidato presidencial da Frente Sandinista de Libertação Nacional, Daniel Ortega.
Diante dessas declarações, o arcebispo de Manágua, Leopoldo Brenes, assegurou que desconhece a suposta carta que Hyde teria enviado ao papa e, portanto, não pode opinar sobre o assunto. Quanto ao futuro governo, Brenes enfatizou que sua postura deve caracterizar-se pela busca da justiça e pelo cumprimento de suas responsabilidades perante Deus, com base sólida em princípios morais e cristãos que lhe permitam governar e cumprir o programa de governo oferecido à sociedade.
“O povo merece governantes e legisladores que defendam as verdades e os postulados da igreja, que têm como centro a liberdade, a justiça e o amor”, expressou o líder da Igreja Católica.
Em suas andanças de campanha, o candidato Daniel Ortega não deixa de mencionar o nome de Deus. Em Granada, cidade a 45 km ao leste da capital, o presidenciável disse que assim como Cristo foi cuspido, injuriado, morto e perdoou os inimigos, ele (Ortega) não responderá com insultos às calúnias que a oposição lança contra o candidato.
O líder sandinista anunciou uma “revolução espiritual”, mas não ofereceu detalhes do que seria isso. Em Somoto, cidade fronteiriça com Honduras, Ortega pediu a Deus, ao dirigir-se a simpatizantes, que iluminasse o povo da Nicarágua para que o capitalismo selvagem tenha fim. Ortega assegurou que isso ocorrerá depois do dia 5 de novembro, quando a FSLN vencer o pleito.
Fonte: ALC