A forte reação ao projeto de um parque só para mulheres em Istambul chamou a atenção para as divisões entre os turcos laicos e os seguidores do partido governista AK, que tem origens no Islã político.

Críticos do projeto vêem nele mais um sinal de que o AK está tentando impor uma agenda islâmica, mas várias eleitoras no distrito envolvido disseram na sexta-feira que adoraram a idéia.

A iniciativa é da prefeitura de Bagcilar, um distrito de Istambul controlado pelo AK. A notícia foi divulgada nesta semana, e a polêmica chegou na quinta-feira ao Parlamento, quando o deputado Bihlun Tamayligil, do partido oposicionista CHP, perguntou aos colegas se era possível “conciliar os princípios da República com a aplicação da segregação de homens e mulheres”.

A Turquia é oficialmente laica, mas sua população é esmagadoramente islâmica, o que cria diversas ambigüidades.

Prefeituras do AK provocaram indignação em alguns círculos no ano passado ao proibirem bebidas alcoólicas em restaurantes sob sua jurisdição, como aconselha o Islã. O partido também quer revogar a norma que proíbe as mulheres de cobrir os cabelos em prédios públicos.

A tensão entre os dois lados deve crescer conforme se aproximarem as eleições gerais de novembro de 2007.

“Eles estão falando em [proteger as mulheres de] assédio sexual, mas isso é uma agenda islâmica. É obviamente a aplicação do harem-selamlik (separação de gêneros)”, disse à Reuters Pinar Ilkkaracan, fundadora da ONG Mulheres pelos Direitos Humanos das Mulheres.

Fonte: Reuters

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