O movimento católico progressista alemão Iniciativa Igreja de Baixo (IKvU, na sigla em alemão) pediu a saída do papa Bento XVI em decorrência dos recentes casos de pedofilia surgidos na Alemanha e que envolvem religiosos do país.

“Seria um gesto purificador se [Joseph] Ratzinger dissesse: ‘sou um obstáculo a uma purificação da Igreja. Me demito'”, declarou o diretor do movimento, Bernd Goehring, segundo informações do jornal Financial Times Deutschland.

Entre as críticas citadas pelo religioso estava o caso surgido na sexta-feira, no qual um padre pedófilo foi transferido para Munique na época em que Bento XVI era arcebispo de Munique e Freising, tendo continuado a exercer seu trabalho pastoral na região.

O então vigário-geral da arquidiocese, Gerhard Gruber, que atualmente possui 81 anos, assumiu toda a responsabilidade sobre a questão, afirmando que a decisão de transferir o padre acusado de abusos sexuais contra menores partiu unicamente dele.

Uma nota divulgada no site do arcebispado dizia que o Papa ordenou somente que o sacerdote fosse acolhido em uma casa paroquial para fazer terapia, e que foi Gruber, “afastando-se desta decisão”, quem o designou sem limitações a uma paróquia de Munique.

Para Goehring, a admissão do ex-vigário-geral é uma manobra tática. “Do nosso ponto de vista, é uma questão de responsabilidade moral”, informou ele.

Ontem, o padre envolvido no caso, identificado como Peter H, foi contestado por alguns fieis da paróquia de Bad Tölz, na região da Baviera.

Atualmente com 62 anos, o religioso foi transferido em 1980 da diocese de Essen, na Renânia do Norte-Vestefália, onde cometeu violências contra menores. Ele continuou a abusar de crianças após a transferência e foi condenado a 18 meses de prisão em 1986.

H recebeu o cargo de pároco de Bad Tölz em 2008, mas os fieis souberam de seus antecedentes somente após a denúncia feita pelo jornal Süeddeutsche Zeitung. Como ele não celebrou a missa dominical, alguns fieis se manifestaram querendo saber onde o sacerdote estava; outros protestaram e houve aqueles que deixaram a Igreja durante o confronto.

Também recentemente surgiram denúncias de abusos sexuais cometidos durante os anos 1970 e 1980 em escolas jesuítas alemãs, além de suspeitas no coro da catedral de Regensburgo, que foi dirigido pelo irmão do Pontífice, Georg Ratzinger, durante trinta anos.

Em referência aos casos de pedofilia, o vice-presidente do parlamento local, Wolfgang Thierse, membro do Comitê Central dos Católicos Alemães, declarou que “a credibilidade da Igreja está vacilando de modo muito grave” e pediu “maior honestidade” a Bento XVI.

“A consternação dos crentes é enorme”, disse o congressista a uma emissora pública, dizendo-se favorável ao relançamento do debate sobre o celibato. Segundo ele, “a Igreja deve ser mais honesta e severa consigo mesma e isto vale também para o Papa”.

Fonte: Ansa

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