Estudo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado esta semana, aponta queda no número de católicos e crescimento do número de evangélicos.

Apesar da divulgação do Novo Mapa das Religiões, elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que aponta queda de 5,36% no número de católicos em seis anos em todo o País e de 3,78% no Estado de São Paulo, representantes do catolicismo em Mogi das Cruzes garantem que a prática continua sendo maioria na Cidade, assim como em todo o Brasil. Além disso, eles destacam que, mais importante do que a quantidade é a efetiva presença da fé na vida dos mogianos, bem como a grande participação em manifestações como a Festa do Divino Espírito Santo. A pesquisa revela ainda que, no mesmo período, a evolução da proporção de evangélicos estagnou-se e aumentou o número de pessoas sem religião.

O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) costuma ser a base de dados sobre a religiosidade do brasileiro, mas as estatísticas religiosas do Censo 2010 ainda não estão consolidadas. Assim, o levantamento da FVG se baseou na realização de 200 mil entrevistas sobre composição religiosa no final da década.

De acordo com o estudo, em 2003, 73,79% da população brasileira e 69,9% da população paulista eram compostas por católicos. Em 2009, estes números caíram para 68,43% e 66,12%.

O padre Claudionir Braga do Carmo, pároco da Catedral de Santana, analisa esta queda, que se dá, em parte, pela migração para outras religiões. “A Igreja Católica tem mais de 2 mil anos de história, sendo mais de 500 anos no Brasil, que é um País de origem católica. Hoje, contudo, vivemos em um mundo globalizado, que entra em outro contexto religioso, a população está crescendo e existe um autêntico mercado da fé por parte de igrejas pentecostais”, critica.

“Muitas pessoas se dizem católicas, mas não seguem os valores cristãos. O que queremos é que todos entendam a proposta da Igreja, já que o evangelho não pode ser algo imposto”, destaca.

“Em todo caso, a maioria da população continua sendo católica. Em Mogi, temos 21 paróquias, todas com missas. Só no domingo, há quatro missas lotadas na Catedral de Santana. O povo continua participando e procura manter a prática de sua fé”, afirma o religioso.

“O aumento de fiéis deve vir com a verdadeira abertura das pessoas. O que fazemos é, todos os anos, realizar a catequese com as crianças, além de seguir com projetos sociais, preenchendo espaços nos quais o poder público se omite”, observa Carmo.

O aposentado Antonio Lúcio de Lima, que foi o festeiro da Festa do Divino Espírito Santos de 2011, acredita que o evento demonstra o quanto o povo mogiano é majoritariamente católico. Na Entrada dos Palmitos foram reunidas 40 mil pessoas, 13 mil nas novenas, 17 mil nas alvoradas e 11 mil na Procissão de Pentecostes, sem falar dos 250 mil visitantes da quermesse. “Foi possível ver toda a religiosidade e fé das pessoas que participaram conosco”, diz.

Esta queda de católicos é histórica no Brasil, já que os números vinham diminuindo desde os primeiros registros censitários, datados do século XIX. Em 1872, 99,72% dos brasileiros seguiam a religião.

Já entre os evangélicos pentecostais, o estudo da FGV apresenta mudança de cenário. No País, de 1991 para 2000 a participação de evangélicos na população dobrou: de 5,59% para 11%. No Estado de São Paulo, o índice passou de 6,58% para 13,7%. De 2003 para 2009, contudo, a religião no Brasil teve aumento quase imperceptível: de 12,49% para 12,76. Enquanto isso, o índice paulista apresentou queda: de 17,1% para 14,62%.

Segundo o pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular e vereador Carlos Evaristo (DEM), houve uma grande comoção por parte dos evangélicos nos anos 90, principalmente pela “explosão” da Igreja Universal na mídia, mas o quadro agora é outro. “Anteriormente, existiu um crescimento grande e muitas pessoas foram para a fé evangélica para emoção, mas agora, a prática está sendo mais voltada ao ensino da palavra. Com estes ensinamentos, os crentes estarão mais estruturados e, assim, poderá haver aumento novamente”, explica.

A Igreja do Evangelho Quadrangular conta com 10 templos em Mogi, reunindo cerca de 2 mil fiéis. Na opinião de Evaristo, católicos e evangélicos mantêm uma boa convivência na Cidade. “Dou como exemplo meu relacionamento com os vereadores Geraldão (Geraldo Tomaz Augusto, PMDB) e Odete (Rodrigues Alves Sousa, PDT), que são lideranças religiosas. Não existe guerra ou disputa. Nosso único objetivo é levar as pessoas para Jesus”, afirma.

Por fim, os brasileiros sem religião são 5,13% em 2003 e 6,72% em 2009. No Estado, a evolução registrada é de 3,75% para 5,99% neste período.

[b]Fonte: O Diário[/b]

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